Uma vez mais a tradicional feira de Maio da ribeirinha vila da Moita do Ribatejo centrou domingo, dia 24 de Maio, as atenções dos aficionados e público em geral. Em tarde festiva, com o Grupo Forcados do Aposento da Moita a comemorar o seu quadragésimo aniversário e uma temperatura ambiente a pedir o aconchego da sombra, fez com que os sectores do sol registassem menos afluência de público.
O cartel reuniu nomes de há muito consagrados, com outros em verdadeira fase emergente nas suas carreiras e que lidaram sete toiros. Um espectáculo que teve dois momentos distintos: o “furacão” Marcos Tenório, que protagonizou a lide da tarde, tal a raça e a emoção patenteada ao longo de toda a sua actuação, frente a um toiro que acabou por se entregar, já que o valor do ginete não lhe deu tréguas nos seus próprios terrenos.
Por outro lado viveram-se momentos de angústia com a colhida feia e aparatosa de Tiago Carreiras. Por vezes a entrega não é tudo e o risco tem limites; e o toiro avisou. Os “Ascenção Vaz” estiveram bem apresentados, rematados até em demasia, na sua generalidade. Joaquim Bastinhas foi o cavaleiro que deu inicio ao festejo, um consagrado cuja ambição e arte é sobejamente conhecida do público.
Na “Daniel do Nascimento”, Bastinhas não fugiu à regra. Entendeu o toiro que, não sendo bravo, deixou-se, deu-lhe a lide correcta e uma vez mais brilhou. Rui Salvador, a atravessar uma fase menos boa a nível da quadra e perante um toiro mais agarrado à arena, evidenciou toda aquela entrega que se lhe reconhece desde há muitas temporadas, mas que não foi suficiente para ultrapassar o problema que teve por diante. Não por falta de vontade ou engenho do cavaleiro, mas por umas montadas que não colaboraram com o toureiro de Tomar.
Para Sónia Matias saiu o terceiro da tarde e também como é habitual, a “baixinha” encastou-se com o toiro e rapidamente chegou ao público com uma actuação de bom nível, procurando executar sortes frontais e os terrenos correctos, para a colocação dos ferros. Lide variada onde não faltaram os ferros em sorte de violino, o que agradou plenamente ao público.
Marcos Tenório Bastinhas “tocou pelo” no quarto da tarde. Com uma lide poderosa e sempre a subir de nível, empolgou o público pela forma como abordou o toiro, os terrenos deste e cravou os ferros: de alto a baixo e sem reservas. Com todo o mérito arrebatou para si o êxito gordo da tarde.
Tiago Carreiras uma vez mais tentou a todo o custo atingir o triunfo e isso retirou-lhe discernimento. Arriscou em demasia e em teimosia, por terrenos “complicados”, num toiro que não lhe perdoou o atrevimento, surgindo a colhida quando tentou cravar o seu terceiro ferro curto. Apesar dos momentos de apuro por que passou, não baixou os braços e deu continuidade à sua lide, aproveitando o traquejo do velhinho, útil e rodado “Quirino”.
João Maria Branco foi um toureiro que passou discreto pela arena da Moita. Nunca se viu o cavaleiro confiado com o toiro e tão pouco nos pareceu a gosto, perante um inimigo que não foi o mais complicado, mas que nem por isso deu facilidades.
O espectáculo fechou com a actuação da cavaleira praticante Mara Pimenta. Também esta “loirinha” esteve correcta e atrevida com o seu toiro, muito atacado de carnes, o que lhe retirou andamento. Não sendo uma lide fulgurante agradou ao público nalguns momentos da sua actuação, sobressaindo em especial no quarto e sexto ferros da sua actuação.
Nota grande e especial para o Aposento da Moita, que em tarde de comemoração do seu quadragésimo aniversário, empolgaram o público com as pegas e demonstraram bem a sua qualidade e tradição. Foram caras Diogo Gomes à 1ª, Luís Peças à 2ª, Francisco Baltazar à 1ª, José Pedro Pires da Costa também ele à 1ª, tal como José Henriques e João Rodrigues. A finalizar Martin Afonso fechou-se à segunda tentativa. Dirigiu o espectáculo João Cantinho.
Foto: Batalha