O lar de infância e juventude Nossa Senhora de Fátima da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz encerrou na passada sexta-feira. Os 24 jovens institucionalizados foram transferidos para instituições noutras localidades – Évora, Portalegre, Palmela e Veiros (Estremoz), mais de um mês depois de a directora técnica ter sido suspensa por suspeita de abuso sexual e maus tratos.
A agência Lusa, que cita um comunicado do Instituto da Segurança Social (ISS), refere que o referido lar tem sido acompanhado pelo ISS “em estreita articulação com o Ministério Público e os tribunais competentes”.
Na nota enviada à Lusa, o instituto assegura que transferiu todos os jovens para outros lares “que garantem todo o acompanhamento e apoio técnico adequado”. “Tratando-se de processos de promoção e protecção de jovens, neste momento não é oportuno prestar mais informação”, explica o ISS.
A antiga diretora técnica da instituição foi detida para primeiro interrogatório judicial, por suspeita de abuso sexual e maus tratos. Desde Abril que aguarda em liberdade o desenrolar do inquérito mas sujeita a medidas de coacção – suspensão de funções e de proibição de contactos com os menores da instituição. Segundo a informação avançada na altura pelo jornal Correio da Manhã, em causa estariam igualmente as contas do lar da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz.
Fundado em 1936, então com a designação Patronato Nossa Senhora de Fátima, o lar foi integrado na Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz em de 1980. Conta com vaga para 40 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 3 e os 18 anos
O caso chocou a população de Reguengos de Monsaraz. Ainda em Abril, um comunicado da Misericórdia local apelava ao respeito pela “privacidade e bom nome” das crianças e jovens.
A Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz admitiu, então, “agir em conformidade com as responsabilidades criminais ou outras” que vierem a ser apuradas na investigação em curso envolvendo a diretora técnica e psicóloga do lar de infância e juventude: “A provarem-se os factos que deram azo a este processo, a Santa Casa da Misericórdia não deixará de os lamentar e repudiar, reservando-se o direito de agir em conformidade com as responsabilidades criminais ou outras, que vierem a ser apuradas. A Instituição prestou e prestará toda a colaboração que vier a ser-lhe solicitada pelo Ministério Publico, como de resto é seu dever, e desenvolverá todos os esforços conducentes ao apuramento dos factos e descoberta da verdade”.
A Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz assegurou, desde logo, que iria proceder com a maior urgência à nomeação interina de uma técnica para o cargo de diretora.
Mais de um mês depois, está convocada (9 de Junho) uma assembleia geral extraordinária com ponto único: apreciação e votação da proposta de suspensão temporária do acordo de cooperação do lar de infância e juventude.