José Sócrates recusa a pulseira electrónica, uma posição que tornou pública numa declaração dirigida à SIC. A decisão do ex-primeiro-ministro, em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Évora, foi comunicada esta segunda-feira à tarde aos seus advogados e numa carta dirigida ao juiz de instrução e ao procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
O juiz de instrução deverá pronunciar-se terça-feira sobre a medida de coacção a aplicar, tendo em conta a proposta do Ministério Público, que defende a prisão domiciliária com pulseira electrónica, e a recusa agora confirmada por Sócrates.
Sócrates à SIC: “Meditei longamente nesta decisão, no que ela significa de sacrifício pessoal e, principalmente, no sacrifício que representa para a minha família e para os meus amigos, que têm suportado esta inacreditável situação com uma extraordinária coragem. Todavia, o critério de decisão é simples – ela tem que estar de acordo com o respeito que devo a mim próprio e com o respeito que devo aos cargos públicos que exerci. Nas situações mais difíceis há sempre uma escolha. A minha é esta: digo não”
Na análise dos dados mais recentes, o juiz de instrução poderá optar por manter Sócrates em prisão preventiva ou optar pela obrigação de permanência na habitação, embora sem vigilância electrónica.
Detido em 21 de Novembro, no aeroporto, quando regressa a Lisboa proveniente de Paris, Sócrates está indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção. De momento, é o único em prisão preventiva neste processo. O empresário Carlos Santos Silva passou para prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, o mês passado.
Neste processo estão ainda envolvidos Joaquim Barroca Rodrigues, do Grupo Lena, Lalanda de Castro e Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e João Perna, antigo motorista de José Sócrates.