André Ventura, candidato presidencial do Chega, esteve em Portalegre na noite de quarta-feira, dia 13 de Janeiro, onde defendeu que sectores como restauração, cafetaria, pequeno comércio e eventos culturais devem permanecer abertos e sugeriu que o primeiro-ministro, António Costa, se prepara para abandonar o cargo brevemente.
“Votámos contra o decreto porque é um cheque em branco ao Governo. Estas medidas que foram anunciadas não correspondem minimamente àquilo de que o país precisa, por exemplo o encerramento de vários sectores de actividade. Não está demonstrado que sejam factores de propagação efectiva do vírus. Vai matar a economia portuguesa”, disse André Ventura, num comício nocturno.
O deputado único e líder do partido da extrema-direita parlamentar disse compreender “que tenha de haver restrições, honestamente, mas não um novo confinamento geral, que vai fazer mal à economia portuguesa”, admitindo o encerramento de outros sectores como “a ‘noite’, as discotecas e bares, ou os ginásios, que merecem apoios específicos”.
“Vai criar uma quebra de ciclo económico como nunca vimos na História. Só posso presumir, com este tipo de medidas, que António Costa está a pensar fazer isto para se ir embora muito em breve e deixar outros depois resolver o problema”, afirmou, argumentando que devia ter sido feito um “plano estruturado”, preparado antecipadamente, no Verão, com um “confinamento faseado e diferenciado”.
As novas medidas tomadas pelo Conselho de Ministros para controlar a pandemia de covid-19, entre as quais o dever de recolhimento domiciliário, entram em vigor às 00:00 de sexta-feira.
Segundo António Costa, as excepções que já existiram em Março e Abril manter-se-ão, “com uma excepção que se prende com o calendário democrático das eleições presidenciais do próximo dia 24 de Janeiro e com a necessidade” de não “sacrificar a actual geração de estudantes”, mantendo o “pleno funcionamento dos estabelecimentos educativos”.
Durante o comício, o presidente do Chega voltou a recorrer aos insultos pessoais para alguns dos seus concorrentes ao Palácio de Belém, como a socialista Ana Gomes, a bloquista Marisa Matias, o comunista João Ferreira ou o actual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
As piores palavras reservou-as para o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que comparou àquele “avô bêbado que a gente tem em casa que, a partir de um certo momento, começa a não achar graça às piadas”.
“Marcelo está em casa, mas de máscara para a câmara. Sozinho, parecia uma espécie de fantasma. Não estou a dizer que é um esqueleto, estou a dizer que parecia…”, declarou, referindo-se ao debate televisivo a sete da véspera.
Ana Gomes foi apelidada de “contrabandista”, em virtude do episódio da toma da vacina contra a gripe trazida por uma amiga de França, enquanto Marisa Matias foi analisada como estando a ter “uma performance muito a baixo do que seria expectável, com ar de que todos lhe devem dinheiro e ninguém lhe pagou” e “com os lábios muito vermelhos”.
“Ar de operário beto de Cascais” foi o epíteto que coube em sorte a João Ferreira, sublinhando-se que “o PCP não paga impostos da Festa do ‘Avante!’ desde 1974”.
À saída do comício, no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, um grupo de perto de duas dezenas de jovens esperou pela saída do candidato ao Palácio de Belém para lhe chamar fascista e entoar algumas partes da canção de Zeca Afonso “Grândola, Vila Morena”.
Alguns elementos da comitiva do Chega e militantes locais do partido reagiram com insultos e a troca de argumentos subiu de tom, prolongando-se por quase 20 minutos até os ânimos se acalmarem.

HPG (JF) // JPS
Lusa

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