A redução no uso de carvão e a quebra da atividade económica em 2020, devido à pandemia, originaram uma das maiores alterações nas emissões poluentes em Portugal, que caíram 24% entre as dez unidades mais poluidoras, segundo a ZERO.
A informação foi avançada, em comunicado, pela ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com base no registo de emissões associado ao Comércio Europeu de Licenças de Emissão, que permite seriar as instalações ou empresas mais poluentes de Portugal em 2020 relativamente às emissões de dióxido de carbono, principal gás de efeito de estufa causador das alterações climáticas.
Segundo a análise feita pela ZERO, que contabilizou apenas as emissões de voos intraeuropeus, a TAP registou a maior quebra nas emissões, desceu nove posições e saiu do “top 10” das empresas mais poluidoras, seguida da Central Térmica a carvão do Pego, que baixou oito lugares na lista da associação ambientalista.
Tanto a transportadora aérea nacional, com menos 76% de emissões, como a Central Térmica a carvão do Pego, onde se verificaram menos 68% de emissões de dióxido de carbono, saíram do ´ranking` das 10 unidades mais poluidoras em 2020.
“Se considerarmos o total das empresas nos dez primeiros lugares em 2020, verifica-se um decréscimo de 24% das suas emissões em relação ao ano anterior, o que é uma consequência direta do efeito da pandemia”, salientou a associação, na nota divulgada.
De acordo com a associação ambientalista, “várias unidades industriais sobem no ´ranking`, mas têm menores emissões em 2020, comparando com 2019”.
Após o encerramento da Central Térmica de Sines, em 15 de janeiro, a instalação que “sempre ocupou o primeiro lugar até 2019, inclusive”, acentuou a Zero, a refinaria de Sines passou a ocupar o primeiro lugar na lista de equipamentos que produzem mais emissões de dióxido de carbono.
Já a maior subida de 2019 para o ano passado foi a da Central Térmica de ciclo combinado do Pego, a gás natural.
“Entre 2019 e 2020, a seriação entre os maiores emissores sofreu uma das maiores mudanças de sempre, por dois motivos: o fim do uso do carvão na produção de eletricidade em 2021, com uma redução já muito significativa em 2020, e a redução da atividade económica em 2020, associada ao impacte da pandemia”, referiu a ZERO.
A associação sublinhou que o ´top 10` é dominado pelo setor da refinação, produção de eletricidade a partir da queima de gás natural, a produção de eletricidade em Sines, recorrendo a carvão, e o setor cimenteiro.
“Nas dez maiores unidades estão agora presentes três cimenteiras (Cimpor – Alhandra, Cimpor – Souselas e Secil – Outão), o que mostra a relevância deste setor em termos de emissões”, alertou a associação ambientalista, no mesmo documento.
A ZERO prevê que “num futuro próximo” sejam as centrais de ciclo combinado a gás natural, a refinaria de Sines, o setor cimenteiro “e eventualmente o setor petroquímico que dominarão a seriação das unidades empresariais maiores emissoras de dióxido de carbono”.
Segundo a associação, o custo da tonelada de dióxido de carbono atingiu em 06 de abril um valor máximo absoluto de 44,14 euros.

AYR // TDI
Lusa

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