Uma ‘villa’ romana, datada entre os séculos III e V, foi identificada perto de Évora, durante trabalhos arqueológicos nas obras de construção da nova ferrovia, levando a Infraestruturas de Portugal (IP) a alterar o projeto.
A IP “alterou o projeto no local” para que “a execução dos trabalhos necessários à construção do novo troço ferroviário não afete o sítio e respetivos contextos arqueológicos”, afirmou hoje à agência Lusa fonte da empresa pública.
Com esta alteração, sublinhou a mesma fonte da IP, está garantida “a preservação do sítio em toda a sua extensão”.
Designado por Seixinho 1, o sítio arqueológico situa-se no subtroço Évora Norte – Freixo da futura linha ferroviária entre Sines e a fronteira do Caia (Portalegre), nas imediações da freguesia rural de São Miguel de Machede, no concelho de Évora.
 O jornal Correio da Manhã revelou, esta semana, que a ‘villa romana’ tinha sido identificada nestas obras, noticiando que a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen) tinha emitido um primeiro parecer “que obrigava o dono da obra”, a IP, “a uma escavação integral do espaço”, mas, depois, acabou por “alterar esse parecer”.
Questionada pela Lusa, a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, numa resposta por correio eletrónico, confirmou que o acompanhamento arqueológico da obra permitiu “a identificação da zona termal de uma ‘villa’ romana”.
O sítio arqueológico, do qual já “existiam indícios da sua existência”, sem que tenha havido anteriormente escavações no local, está “balizado [em termos cronológicos] entre os séculos III e V” d.C (depois de Cristo), afirmou.
Segundo a responsável, foram “identificados e colocados a descoberto” a piscina, um tanque pertencente à zona de banhos frios, um hipocausto para aquecimento de tanques, já destruídos, da zona de banhos quentes.
“Uma dupla canalização que inicia na zona dos tanques” e “várias estruturas arqueológicas de funcionalidade ainda desconhecida”, assim como “uma necrópole cronologicamente enquadrada na época tardo-romana”, também foram identificadas.
Após a descoberta desta ‘villa’ romana, numa primeira fase, a DRCAlen “emitiu um parecer” a requerer “a escavação arqueológica de toda a área a afetar pelo projeto”.
“A maior parte do sítio em zona de afetação foi escavado, conforme parecer emitido”, mas, na sequência da decisão da DRCAlen, a IP “submeteu proposta de alteração do projeto”, adiantou Ana Paula Amendoeira.
A fonte da IP contactada pela Lusa indicou que a proposta de alteração submetida à DRCAlen “implica uma modificação da tipologia e metodologia de aplicação dos materiais a utilizar para a execução do aterro”.
Assim, “todos os trabalhos necessários” são compatíveis com “a preservação do sítio em toda a sua extensão”, vincou.
Ana Paula Amendoeira explicou que esta proposta “tem estado a ser avaliada em todas as suas implicações” pela DRCAlen, que aguarda o envio pela IP de “novos elementos complementares do projeto solicitados”.
De acordo com esta responsável, a mais recente proposta enviada pela IP “pretende controlar a escavação arqueológica e evitar eventuais desmontes seguidos de aterros, bem como a proteção das estruturas ainda não escavadas”.
“A área da ‘villa’ romana, que se encontra em zona de afetação”, ou seja, a que está “em análise no presente processo, diz respeito a uma parte da zona termal” e a restante área “desenvolve-se para a zona não expropriada”, acrescentou.
Estão em curso as obras de construção de quatro troços que vão integrar a futura linha ferroviária Sines-Caia, conhecido por Corredor Internacional Sul, criado no âmbito do Programa de Investimentos na Expansão e Modernização da Rede Ferroviária Nacional “Ferrovia 2020”.
Segundo a IP, o Corredor Internacional Sul vai permitir a circulação de comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento.

Carregar mais artigos relacionados
Carregar mais artigos por Redacção
Carregar mais artigos em Destaque Principal

Veja também

Crianças de Campo Maior participaram em atividades de sensibilização ambiental

Os alunos do Centro Escolar Comendador Rui Nabeiro, do Infantário “O Despertar” e do Centr…