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Os Estados Unidos e a China estão a disputar uma corrida pelo Espaço – afirmou Bill Nelson, Director da NASA (Agência Espacial norte-americana), no decorrer de uma conferência de Imprensa em Buenos Aires (Argentina), no passado dia 27 de Julho.
Segundo responsáveis chineses, trata-se de uma declaração que denota “mentalidade da Guerra Fria”, pelo que não surpreende que os media Argentinos tenham considerado que a visita de Nelson “tem um objective político”.
É oportuno lembrar que a responsável do SouthCom (Comando Sul dos Estados Unidos), general Laura Richardson, quando visitou a Argentina, no passado mês de Março, classificou como “base militar” a estação espacial existente na província de Neuquén, naquele País, e que resulta da cooperação sino-argentina.
Esta estrutura instalada em Neuquen é a primeira estação de medição e controlo do espaço profundo da China no estrangeiro, tendo sido inaugurada em 2017. Além de ajudar os dois países a usar pacificamente o Espaço, a estação também é aberta à comunidade internacional. Muitas instituições de ciência, incluindo norte-americanas, utilizaram o local para projectos de investigação. Além disso, vários diplomatas de países europeus e americanos já visitaram a estação, verificando o seu objectivo claramente civil.
Registe-se ainda que a Agência Espacial Europeia também tem uma estação espacial na Argentina, situada a apenas 480 quilómetros da estação de Neuquén e que começou a operar em 2012. Ou seja, a posição destes altos responsáveis norte-americanos é estranha, demonstrando que usam dois pesos e duas medidas, pois nunca fizeram, sobre essas instalações de cooperação europeia, críticas semelhantes às que fazem à estação sino-argentina.
No passado mês de Abril, numa sessão no Congresso dos Estados Unidos, Bill Nelson exibiu uma fotografia da Lua, afirmando: “Se a China for a primeira a chegar à Lua, vai dizer que se trata de um território seu e que mais ninguém ali pode entrar”. Acrescentou que o tempo se está a esgotar para os Estados Unidos, pedindo ao Congresso que aumentasse a verba concedida ao sector espacial.
(De acordo com as estatísticas, mais de 50 mil milhões de dólares foram investidos no espaço no orçamento de defesa dos EUA para o ano fiscal de 2023. Destes, cerca de 25,4 mil milhões de dólares são atribuídos à NASA, um aumento de 5,6 por cento em relação a 2022, e cerca de 26,3 mil milhões de dólares às Forças Aéreas do Pacífico dos EUA (PAF), um aumento de mais de 40 por cento. O pedido de orçamento das Forças Aéreas do Pacífico dos EUA para o ano fiscal de 2024 ascende a 30 mil milhões de dólares, um aumento de 15 por cento e o maior pedido de orçamento de sempre para o serviço).
Os tempos mudaram, vive-se uma nova era, mas parece que a mente de alguns responsáveis norte-americanos não mudou e que querem repetir o guião da Guerra Fria.
O Tratado do Espaço Exterior da ONU diz claramente: “Nenhum Estado pode reivindicar soberania ou jurisdição sobre o espaço exterior ou qualquer parte dele, nem pode apropriar-se dele para seu próprio uso ou para a exclusão de outros”. Na qualidade de responsável da NASA, Nelson não desconhece a “história negra” do programa espacial americano. Desde a criação de lixo espacial até à instigação a uma corrida ao armamento no espaço exterior, os Estados Unidos representam uma ameaça à utilização pacífica do espaço exterior.
A China, por outro lado, aderiu a objectivos pacíficos desde o início da sua atividade espacial e, em 2003, o primeiro astronauta chinês, Yang Liwei, levou consigo uma bandeira das Nações Unidas na sua missão e disse em nome da China, tanto em chinês como em inglês: “Utilização pacífica do espaço para benefício de toda a Humanidade”. A estação espacial chinesa continua em funcionamento no espaço, sendo a primeira vez na História que um projeto deste tipo está aberto a todos os Estados membros das Nações Unidas.
O espaço é a casa comum da Humanidade e não uma arena de gladiadores a competir pela hegemonia.
Imagem: China Hoje