Na rubrica “Manchetes do Passado” trazemos de volta notícias que foram publicadas ao longo dos 73 anos de história do jornal Linhas de Elvas. Aqui, revivemos alguns momentos que moldaram o presente, desenterrando histórias, manchetes e curiosidades esquecidas nos arquivos do nosso jornal.


O início de 2004 trouxe também o aumento outros bens essenciais e de utilização diária. Logo na mudança do ano os industriais da panificação ameaçavam com um aumento de 35 por cento no preço, facto que despoletou a reacção do ministro da Economia, Carlos Tavares, que pediu uma investigação à Autoridade da Concorrência. Já esta semana a Associação do sector da panificação negou esse valor, embora reconhecesse actualizações de preços.

Em Elvas, na ronda que o “Linhas” fez por alguns estabelecimentos fabricantes e revendedores de pão, verifica-se o aumento generalizado do custo do pão.

Etelvina Nascimento, reside na cidade e compra diariamente um pão de meio-quilo e seis papossecos. “Estou a pagar a tabela nova desde o dia 1 de Janeiro. Acho que é demasiado o aumento uma vez que é um bem de primeira necessidade. Antes de 1 de Janeiro pagávamos meio-quilo de pão a 55 cêntimos, presentemente estamos a pagá-lo a 70. Foi um aumento de 15 cêntimos [correspondente a 27 por cento]. Acho uma barbaridade porque é um bem de necessidade”, defende. “Não se justifica o acréscimo uma vez que o salário mínimo é baixíssimo, a inflacção sobe imenso mas os salários sobem dois ou três por cento. A vida está cada vez mais difícil e o desemprego é cada vez maior. Acho que poderiam ter mais moderação porque cada vez mais as pessoas não têm poder de compra”, afirma Etelvina Nascimento.

Ora bem, fazendo contas, e tendo em conta o consumo familiar desta residente em Elvas, por meio quilo de pão e seis papossecos paga-se agora 1,42 euros. Até ao final de 2003 o valor era de 1,15 euros. Estes números significam um acréscimo de 27 cêntimos por dia e uma média de 7,02 euros por mês (excluindo os domingos).

Estes preços são praticados nos vários vendedores que este semanário contactou, alguns com fornecedores sediados fora do concelho. Na Companhia Elvense de Moagens a Vapor, na rua da Cadeia, Ana Rodrigues reconhece que “as pessoas reclamam. Estão revoltadas porque é um aumento grande, mas não é só a nível desta empresa, tanto os fornecedores de Elvas como os dos arredores aumentaram para os mesmos valores”. Contudo, os clientes “acabam por comprar o mesmo porque é um bem essencial”, defende.

Um outro estabelecimento contactado pelo “Linhas” preferiu, nos primeiros dias do mês e do ano, manter os preços que vinha praticando em 2003. Contudo, o responsável foi revelando a este semanário que nos próximos dias esse aumento se irá verificar, sendo certo que “não atingirá os 35 por cento anunciados”.

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