Na rubrica “Manchetes do Passado” trazemos de volta notícias que foram publicadas ao longo dos 73 anos de história do jornal Linhas de Elvas. Aqui, revivemos alguns momentos que moldaram o presente, desenterrando histórias, manchetes e curiosidades esquecidas nos arquivos do nosso jornal.
Originalmente publicado na edição impressa de 15 de Janeiro de 1999
Na passagem por Elvas, Sven Borg, um cidadão natural da Suécia na altura com 49 anos, propunha-se a caminhar 35.000 quilómetros em três anos para quebrar o recorde mundial do Guinness Book Of Records.
Contava em entrevista ao jornal que já tinha percorrido 8 mil e 500 quilómetros em oito meses. Ao entrar em Elvas já tinha contabilizado pela Dinamarca, Áustria, Itália, Grécia, Mónaco, França, Espanha, Gibraltar e Portugal.
Texto: Ana Ferraz Pereira
Foto: Nuno Veiga
Para trás, não deixou laços familiares, nem o esperam grandes recepções no seu país de origem. Borg é divorciado, tem uma filha que reside nos Estados Unidos, e o resto da família? “A maior parte já morreu. Entre os que ainda estão vivos, alguns familiares acham graça”, afirma, tentando explicar que os suecos têm “uma forma especial de ver as coisas”. Além de tudo mais, a verdade é que a situação na Suécia não é das melhores, principalmente no que diz respeito ao emprego.
(…) “Porque é que fiz isto? Alguém tinha que o fazer”. E é com este espírito que Sven arranja forças para mais uma caminhada. Nunca precisou de recorrer a nenhum hospital nem de qualquer tipo de medicamento. Sempre que necessário tinha a sua “garrafinha de vodka que serve de desinfectante” e uma pequena faca que traz sempre consigo.
Considera-se um homem rijo, preparado para tudo, habituado a tudo. Ou quase tudo. Quando iniciou esta aventura, Sven Borg jamais pensou encontrar “ratos tão grandes. De facto, as recordações que tem da Grécia não são as melhores. Pelo contrário: “Que país tão sujo”, lembra. “Já estive metido em situações complicadas, acredite. Na Grécia, por exemplo, havia uns cães enormes e raivosos que olhavam para mim como se eu fosse comida. Inclusivamente tive que comprar gasolina numa bomba e colocá-la à volta do saco cama quando dormia no campo. Tentaram roubar-me várias vezes. É que na Grécia há os ladrões normais e depois também há os albaneses, que estão completamente fora do sistema. E o pior foram os ratos, enormes, nunca tinha visto ratos tão grandes”, explica Seven.
Talvez por isso, as impressões que guarda de Portugal sejam muito melhores: “É um belo país, é pena é fazer tanto frio. Mas sinto-me mais seguro aqui do que em qualquer ouro local do globo”.