Dezenas de habitantes do concelho de Avis manifestaram-se hoje em frente ao hospital de Portalegre contra a falta de médicos e serviços de saúde naquele município alentejano, nos últimos anos, exigindo a resolução do problema.
O protesto, promovido pela Câmara de Avis e juntas de freguesia daquele concelho, no distrito de Portalegre, terminou com a entrega de uma moção aprovada por todos os órgãos autárquicos locais à administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Alentejo, a reivindicar mais médicos para a zona.
Empunhando cartazes, nos quais se podia ler “Avis em luta pelo direito à saúde”, ou entoando cânticos como “Sem médico em Avis ficamos, por isso cá estamos”, os participantes no protesto manifestaram-se em frente ao hospital, de forma ordeira.
João Gonçalves, de 74 anos, um dos manifestantes que rumou a Portalegre desde a freguesia rural de Alcórrego, em Avis, disse à agência Lusa que já não tem médico de família “há bastante tempo”.
“Eu, felizmente, tenho um sistema de saúde, porque era funcionário dos CTT, mas a maior parte da população não tem como recorrer [a outros serviços de saúde] e não há médicos” no concelho, lamentou.
Inês Marques, reside naquela sede de concelho alentejana, relatou à Lusa que não tem médico de família “há meses” e que “é muito difícil” conseguir uma consulta no centro de saúde local.
Já Leonor Xavier, vinda também de Avis, explicou que “há mais de 2.000 utentes” no concelho, estando apenas ao serviço um médico a tempo inteiro e outro a meio tempo, uma vez que um outro clínico está de licença há vários meses.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Avis, Nuno Silva, que marcou presença nesta ação, alertou que a população está “preocupada” com a falta de médicos.
E esta tem sido uma preocupação igualmente do município, “ao longo dos últimos anos”, frisou.
“Temos vindo, junto das entidades, a mostrar a nossa necessidade desses mesmos profissionais”, disse o autarca, indicando que a câmara tem manifestado disponibilidade e procurado “dar condições” a médicos para que se fixem no concelho, para darem resposta à população, mas sem sucesso.
A oferta de casas, com os encargos referentes a essas habitações suportados pelo município, é uma das medidas para captar médicos implementada pela autarquia, exemplificou.
No protesto de hoje, realçou Nuno Silva, foi entregue à administração da ULS do Alto Alentejo a moção aprovada “por unanimidade” por todos os órgãos autárquicos do concelho para que seja “encontrada uma solução” para este problema.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da ULS do Alto Alentejo, Ilídio Pinto Cardoso, reiterou que aquela entidade “está a fazer tudo” para resolver todas as situações no distrito de Portalegre, apesar das “dificuldades com que se depara” para captar médicos para o território.
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