Vidigueira, Beja, 29 jul 2024 (Lusa) – A Cooperativa Agrícola da Vidigueira (Beja) negou que esteja prevista a venda do seu património em leilão e prometeu participar criminalmente contra a leiloeira que anunciou o negócio e pedir a destituição do administrador da insolvência.
Esta posição surgiu, num comunicado do conselho de administração publicado nas redes sociais e consultado hoje pela agência Lusa, após a leiloeira Leilosoc ter anunciado para breve o leilão do património desta cooperativa alentejana.
A Lusa contactou hoje a Cooperativa Agrícola da Vidigueira, tendo uma funcionária informado que não se encontrava nenhum administrador e remetido para o comunicado do conselho de administração.
Em resposta à cooperativa, a Leilosoc disse, também em comunicado, ter sido nomeada pelo administrador da insolvência para a liquidação dos ativos no âmbito do processo de insolvência da cooperativa, que “pode ser consultado na plataforma Citius”.
“A divulgação da venda com data a definir ‘brevemente’ prende-se com o facto de o processo ainda estar em tramitação”, realçou, salientando que já há “contactos de investidores interessados nos ativos em venda”.
Segundo a leiloeira, a divulgação de uma nota de imprensa sobre a realização do leilão do património da cooperativa visa “esclarecer as dúvidas do mercado e potenciar o alcance dos ativos junto de investidores”.
Na semana passada, a Leilosoc divulgou, em comunicado, que o leilão da insolvente Cooperativa Agrícola de Vidigueira, organizado pelo estabelecimento de leilão, estava previsto decorrer a partir de setembro, em dia e local a definir.
“O passivo imobiliário da cooperativa é composto por um armazém industrial e um edifício, ambos situados no concelho de Vidigueira”, adiantou então a leiloeira, referindo que os imóveis ainda se encontravam em fase de avaliação.
Já os bens móveis em venda correspondem a máquinas e equipamentos para a produção de azeite, veículos ligeiros de mercadorias e propriedade industrial, nomeadamente marcas, avaliados, globalmente, em 288.085 euros.
No comunicado divulgado após o anúncio da Leilosoc, a Cooperativa Agrícola de Vidigueira considerou ser “falso que se encontre a ser programada a venda em estabelecimento de leilão” do seu património, no âmbito do processo de insolvência.
“Tal não se encontra ainda determinado no processo”, já que a comissão de credores não se pronunciou, nem “a Leilosoc ou qualquer outra entidade leiloeira se encontra legitimada pelo tribunal ou pela comício de credores a intervir em tal liquidação”, sublinhou.
A cooperativa realçou que a liquidação terá de ser antecedida de “decisões ainda por tomar no processo de insolvência, designadamente recursos e pedidos de nulidades de atos anómalos do administrador da insolvência”.
Assinalando que vai requerer ao tribunal a notificação da leiloeira para se “abster da prática de atos não autorizados”, a cooperativa referiu que também vai “participar criminalmente contra a Leilosoc e os seus administradores pelos crimes praticados e responsabilização civil pelos prejuízos causados”.
Além disso, vai também “requerer a destituição do administrador da insolvência pela omissão das suas funções e permissão de uso do nome e processo de recuperação da cooperativa por terceiros em prejuízo da cooperativa, responsabilizando-o, ainda, civilmente, pelos danos causados à cooperativa, aos seus agricultores e à região”, acrescentou.
De acordo com a Leilosoc, a Cooperativa Agrícola de Vidigueira foi fundada em 1957 e “tinha como foco a produção de azeite”.
“Em 2020, antes de se apresentar à insolvência, a cooperativa tinha uma capacidade instalada de produção diária de cerca de 350 mil quilos de azeitona, com uma capacidade de armazenamento de aproximadamente um milhão de litros de azeite”, destacou.

SM // VAM

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