Com o arranque do novo ano letivo, surgem novos desafios para pessoal docente, não docente e alunos. Desafios esses, na verdade, já um tanto antigos e que, nos últimos tempos, têm sido alvo de análise, já que, como sabemos, o sistema de ensino português tem enfrentado alguns inconvenientes e, com isso, tem sido alvo de críticas. Inúmeras soluções já foram estudadas e apresentadas de forma a garantir uma significativa qualidade de aprendizagem, seja para melhorar aquilo que é ensino como para combater a falta de professores.
Posto isto, gostaria, nesta fase, de falar sobre o projeto apresentado pelo governo, a ser testado em escolas piloto, sobre a implementação de uma nova disciplina: Literacias. No fundo, esta nova unidade curricular consiste em dar aos alunos as ferramentas necessárias para que os jovens sejam cidadãos mais aptos e informados; ou seja, ensinar-lhes aquilo que as disciplinas dos quadros de formação geral e especifica não ensinam. Esta medida é resultado da realização dos testes PISA, cuja avaliação demonstrou que os alunos portugueses pioraram no domínio de assuntos financeiros, políticos, entre outros.
Esta proposta recordou-me a famosa disciplina de Educação para a Cidadania, que no ano letivo 2018/2019 fez parte do meu horário escolar e, cujo currículo, no ano letivo seguinte foi integrada nas diferentes unidades curriculares. Resumidamente, numa primeira instância, esta disciplina dividia-se em 4 módulos, sendo o ambiente, a economia, os valores e a ética e a História, os grandes protagonistas desta disciplina. Na altura, considerei que a disciplina tinha sido um enorme falhanço; não a disciplina em si, mas a forma como foi estruturada e amestrada. No fundo, é como costumo dizer acerca da política: o problema, muitas vezes, não se cinge à medida em si (neste caso, fazia imenso sentido e era necessária), mas sim à forma como esta é colocada em prática e pela precária fiscalização que é feita a posteriori.
Como já referido anteriormente, a nova disciplina tem como principal foco combater a fraca literacia financeira, política, democrática e enfraquecida capacidade de análise de dados nos alunos do ensino secundário. Creio que esta unidade curricular reúne todas as competências para cumprir aquilo a que se propõe, desde que, lá está, devidamente delineada, ensinando aos alunos aspetos e questões pertinentes das áreas política e económica, garantindo-lhes ferramentas de domínio destes temas.
Assim, sendo o Agrupamento de Escolas n.º 3 de Elvas, um dos integrantes do grupo de sete escolas que vão testar este novo projeto, não só endereço os meus votos de sucesso na implementação desta disciplina, como também apelo para que, efetivamente, a tornem atrativa e interessante para os alunos e contribuam para que, de facto, se tornem jovens preparados para o futuro e cidadãos informados. A título de exemplo, eis alguns dos temas que gostaria que tivessem sido trabalhados e apresentados neste contexto: o que é e como fazer a declaração de IRS; apresentação dos diferentes tipos de receita tributária; clarificação do espetro político e caracterização dos vários partidos com e sem assento parlamentar; funcionamento das eleições e constituição da Assembleia da República; divisão de poderes em Portugal; cibersegurança; análise de conteúdo noticioso e de publicações nas redes sociais, de forma a distinguir a verdade da mentira; entre outros. Vários são os temas que podem ser desenvolvidos no âmbito desta nova unidade curricular, estes são alguns dos quais eu gostaria que tivessem sido falados, na época em que fui aluno do ensino secundário e que acredito que, alguns deles, teriam feito diferença no meu futuro e no de outros estudantes.
Desta forma, resta-me somente desejar um excelente ano letivo a todos aqueles que fazem parte da comunidade escolar, desde professores, alunos, pais, assistentes, técnicos, entre outros, e que o mesmo vos traga maravilhosas aprendizagens e experiências.