Decorre nos supermercados portugueses mais uma campanha de recolha de alimentos promovida pelo Banco Alimentar Contra a Fome.
A iniciativa, que se estende até ao final do dia de amanhã, envolve mais de dois mil hipermercados e supermercados e 40 mil voluntários que se mobilizaram em torno do lema “Para mais de 400 mil portugueses, o melhor presente é a sua ajuda”. A frase é reveladora do número de pessoas que foram apoiadas ao longo do ano passado través de 2400 instituições de solidariedade que fazem a ponte entre o Banco Alimentar e as famílias que recebem os alimentos.
Transpondo esses números para o concelho de Elvas, Graça Mocinha revela que “há cerca de 900 pessoas a beneficiar dos cabazes que são entregues por sete instituições de solidariedade social”.
Os pedidos de ajuda têm vindo a aumentar na proporção da dificuldade em lhes dar resposta. A responsável pela delegação de Elvas do Banco Alimentar precisou que “no último mês vieram mais pessoas ter connosco a pedir ajuda, e foi complicado atender estas solicitações. O nosso armazém já estava praticamente vazio”.
Lembra que são feitas duas campanhas ao longo do ano, sendo os alimentos entregues mensalmente. “Nós elaboramos os cabazes, entregamos às instituições que têm acordo connosco, que são quem contacta diretamente com os beneficiários para fazer as entregas mensais” num processo sigiloso. “Não nos compete saber quem são as pessoas que estão a receber ajuda, mas por vezes vêm ter diretamente connosco. Quando isso acontece o que fazemos é auxiliar a primeira vez e depois temos que encaminhar para uma dessas instituições para que passem a obter ajuda regular”. Quando as prateleiras do armazém começam a ficar vazias, “a solução é pedir ajuda à delegação de Portalegre do Banco Alimentar”, o próximo patamar de uma escalada de auxílio que pode chegar a Lisboa, “se esgotarmos os nossos recursos”.
Os alimentos recolhidos em Elvas não saem do concelho
Graça Mocinha faz questão de salientar que “aquilo que nós recolhemos em Elvas é distribuído em Elvas”. Assim como “o que é recolhido em Campo Maior, também é entregue às famílias de lá que estão a receber ajuda através de uma única instituição de solidariedade, uma vez que há um número muito inferior de agregados a precisar de auxílio”.
Reitera que tem havido “um crescimento de pessoas com dificuldade em se alimentarem por recursos próprios” e assinala “o aumento da pobreza envergonhada em Elvas, pelo que, como referi, acontece o inverso, por vezes temos que ir pedir ajuda a Portalegre”.
“Necessitamos papas e cereais e não é só para as crianças, os idosos também se alimentam com estes produtos”
Questionada sobre os alimentos que mais faltam à mesa dos portugueses e dos elvenses que necessitam ser ajudados pelo Banco Alimentar Contra a Fome, Graça Mocinha remete para a lista de artigos impressa nos sacos que são entregues aos doadores à entrada do supermercado. No entanto salienta: “na realidade o que é mais necessário é o que é mais caro. O azeite, que subiu exponencialmente de preço. O óleo também, assim como os cereais e as papas. Necessitamos de papas e cereais e não é só para as crianças, os idosos também se alimentam com estes produtos. No entanto, sabemos que a vida custa a todos e que não é fácil atender a esta necessidade. O que é importante é, desde que se possa, colaborar. Nem que seja com um pacote de leite ou uma lata de salsichas. Isso já fará toda a diferença”.
Três formas diferentes de ajudar
O lado mais visível da ação do Banco Alimentar é a Campanha Saco “ com voluntários presentes nas lojas que convidam à participação numa partilha do que vamos comprar para a nossa casa com famílias carenciadas”.
Existe ainda a Campanha Ajuda Vale, “através de vales de produtos selecionados (como azeite, óleo, leite, salsichas e atum). Cada vale representa uma unidade do produto (por exemplo, “1 litro de azeite”, “1 litro de leite”, etc.) e inclui um código de barras próprio, através do qual é efetuado o controlo das dádivas. Ao realizar o pagamento, o doador entrega o vale na caixa registadora e os produtos ficam claramente identificados no talão de caixa. A logística de transporte para os Bancos Alimentares contra a Fome fica a cargo de cada uma das cadeias de distribuição”.
Há também a Campanha online, “através da plataforma www.alimentestaideia.pt que permite a doação de alimentos online e assim a participação na Campanha de pessoas que habitualmente não se deslocam ao supermercado ou que residam fora de Portugal, nomeadamente os emigrantes. O pagamento é feito por Multibanco, tal como com qualquer outro pagamento de serviços ou compra online, ou cartão de crédito, usando a referência e o código que são enviados automaticamente por correio eletrónico, assim como o recibo de donativo com relevância fiscal, concluída a doação”.