Os Deputado Ricardo Pinheiro, Hugo Costa, José Carlos Barbosa, Luís Dias, Nelson Brito, Carlos Pereira e Pedro Coimbra, todos pertencentes ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista, entregaram hoje ao Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, uma pergunta direcionada ao Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, preocupados com as recentes declarações daquele governante tornadas públicas na imprensa nacional, ao admitir que o Governo está a “ponderar” não incluir o transporte de passageiros na nova linha ferroviária Évora-Caia e a afirmar que a combinação de mercadorias e passageiros “não é o ideal para a otimização” desta infraestrutura. Os deputados socialistas, através de um documento entregue há momentos e a que o Linhas de Elvas teve acesso, questionam o Ministro que consideram estar a expor “um cenário de incerteza, falta de determinação e desconhecimento da operação ferroviária.”
Para os deputados, “é preocupante a hipótese de a linha Évora-Elvas, construída com um enorme investimento público, ser destinada exclusivamente ao transporte de mercadorias. Se esta possibilidade se confirmar, Portugal poderá tornar-se o primeiro país no mundo a construir uma linha de alta velocidade apenas para mercadorias, operando a velocidades significativamente inferiores à capacidade da infra-estrutura, um verdadeiro desperdício de fundos públicos.
Tal decisão seria inédita e contrária à lógica das linhas de alta velocidade, cujo propósito central é a mobilidade de passageiros, contribuindo para coesão territorial, tempos de viagem mais curtos e soluções de transporte sustentáveis. Utilizar uma linha de alta velocidade apenas para mercadorias não só compromete esses objectivos, como também representa um desperdício de recursos públicos, naquela que é a maior obra ferroviária dos últimos 100 anos com um custo superior a 500 milhões de euros”, lamentam.
Recorde-se que a obra foi projetada no sentido de permitir ligar Évora a Badajoz em 30 minutos, ligando Elvas a Lisboa em pouco mais 1 hora e 30 minutos. Paralelamente, permitiria promover o desenvolvimento do interior com o fortalecimento dos serviços de comboios regionais e Intercidades, assegurando a acessibilidade das populações e a competitividade no contexto europeu através de novas ligações transfronteiriças.
Os deputados do Partido Socialista, preocupados com esta nefasta intenção do Governo para toda a vasta região Alentejana consideram que “as faltas de serviços ferroviários no Alentejo têm comprometido as oportunidades de mobilidade, agravam os problemas de coesão territorial na região e limitam o impacto económico positivo que uma infra-estrutura ferroviária bem estruturada poderia trazer ao Alentejo. A situação agrava ainda mais com o encerramento da linha do Alentejo até Beja”, destacam.
“A comprovar-se esta posição, o Governo da AD desiste do Alentejo e dos Alentejanos, dado que é perfeitamente conciliável o transporte de mercadorias com o transporte de passageiros. Só assim se justifica que a parametrização da linha para 250 Km/h”.
“É fundamental que o Governo esclareça o destino desta linha e adopte soluções que sirvam os interesses da população e da economia, evitando decisões que prejudiquem o desenvolvimento do país”, acrescenta a pergunta entregue a Aguiar Branco.
Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista decidiu dirigir-se ao Governo, através do Ministério das Infra-estruturas e da Habitação, efectuando a seguinte pergunta:
“A CP está há algum tempo a preparar-se para prestar serviço de passageiros, assim que o troço Évora-Caia estiver concluído, prolongamento das intercidades de Évora até Badajoz, por outro lado, e por sabermos que a ligação de alta velocidade ainda demorará, pretendemos saber se o Sr. Ministro pretende ou não pretende impedir que este serviço possa ser prestado às populações?”