O Museu de Arte Contemporânea de Elvas foi palco para uma das mais justas homenagens a que pude assistir de há uns bons tempos a esta parte.

Conforme se deu conta em reportagem no Linhas, foi inaugurada no antigo Hospital da Misericórdia a exposição temporária “O Fio que nos Une”, tributo à artesã elvense Joana Leal, que nesse mesmo acto recebeu o Diploma de Mérito Cultural atribuído pelo Município.

Falar de Joana Leal é falar de uma das mais genuínas e prolíficas artesãs locais das últimas décadas. As suas criações em tecidos e bordados fizeram dela uma referência no universo da costura artesanal, com criações diferentes de todas as demais, arrojadas e de uma beleza plástica inigualável.

O trabalho desta nossa conterrânea pôde ser apreciado ao longo das últimas décadas em vários pontos da geografia nacional, mas também em latitudes tão díspares quanto Espanha, França, Itália e Estados Unidos da América. Tem muitas obras de sua autoria em acervos particulares, como a Colecção António Cachola, que serve de base ao MACE.

Perto de completar 73 anos de vida, a sofrer de Parkinson vascular e com crescentes dificuldades a nível motor, a Joana viu-se obrigada a encerrar em Fevereiro do 2024 o espaço que foi muito mais do que uma segunda casa. Era o seu atelier na Rua de Alcamim, A Casa da Joana, que ali funcionou durante um quarto de século e do qual saiu a esmagadora maioria das suas autênticas obras de arte.

Infelizmente a saúde também não tem ajudado o companheiro de vida, Manuel Dores, o Leca como é carinhosamente conhecido. Ele que é igualmente um artista, ainda que na vertente da escrita, sendo autor de centenas de poemas, muitos dos quais publicados em jornais de Elvas, a par de outros que ainda não conheceram a luz do dia.

Regresso à exposição “O Fio que nos Une” para sublinhar a escolha da artista plástica elvense Elisabete Fiel para expor algumas das suas obras em complemento às de Joana Leal. Escolha acertada de quem, ao mesmo tempo, partilha a curadoria da mostra com a directora do Museu de Arte Contemporânea, Patrícia Machado, e o jovem Investigador e professor de Arte Tiago Candeias, também natural de Elvas.

Termino dizendo que Joana Leal faz parte, por direito próprio, da história da cultura elvense nas últimas décadas. Como tenho a certeza que, daqui a algum tempo, o seu nome estará inscrito na História – com letra maiúscula – da arte popular na nossa cidade e região.

Obrigado, Joana, por tanto amor e dedicação à causa do artesanato.

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