O grupo Nabeiro - Delta Cafés entregou um estudo desenvolvido nos últimos dois anos ao Governo Regional dos Açores, que mostra o “potencial” daquela região para a produção de café, foi hoje revelado. Em declarações à agência Lusa, o presidente executivo do grupo, Rui Miguel Nabeiro, indicou que o estudo foi entregue “há 15 dias” ao Governo Regional dos Açores, tendo o mesmo sido desenvolvido pela International Coffee Partners. “Nós não somos ainda um país produtor de café, estamos a trabalhar com o Governo Regional dos Açores e com a Associação de Produtores Açorianos de Café (APAC) para tornar possível produzir café nos Açores”, disse. Rui Miguel Nabeiro, que falava à Lusa à margem de uma visita às empresas do grupo, em Campo Maior (Portalegre), pela Casa da América Latina e dos embaixadores latino-americanos acreditados em Portugal, explicou que o estudo foi feito pela International Coffee Partners, sendo o mesmo "detalhado”, e que revela “as melhores origens, os melhores solos, a melhor forma de produção” de café na região açoriana. “Neste momento há um relatório que está entregue sobre tudo o que se pode e não pode fazer, como deve e não deve fazer para se produzir café nos Açores. A partir daqui estamos a começar a trabalhar naquilo que é a fase dois, que é, de facto, arrancar com o processo, mas ainda há aqui um trabalho administrativo grande”, disse. O grupo Nabeiro - Delta Cafés pretende “apoiar” os agricultores interessados em produzir café, no sentido de se poderem estabelecer, criar o seu negócio, estando o grupo disponível também para colaborar na criação de estruturas para aumentar a produção. “O 'governance' deste projeto terá de ser da APAC e do Governo Regional dos Açores e, por isso, nós fomos em conjunto com a APAC entregar este estudo, agora, a partir deste momento, a Delta está disponível para acompanhar os próximos passos”, acrescentou. No dia 10 deste mês, o secretário regional da Agricultura nos Açores, António Ventura, afirmou ter identificado, na Graciosa, diversas “potencialidades” por ser uma “reserva da biosfera”, indicando que “está a ser realizado um curso para produção de café”. A Casa da América Latina e os embaixadores latino-americanos acreditados em Portugal visitaram hoje o Grupo Nabeiro, numa jornada pelas diferentes empresas do grupo. A visita contou com a presença dos embaixadores e corpo diplomático do Brasil, Colômbia, Cuba, México, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana, e da administração do Grupo Nabeiro. Para Rui Miguel Nabeiro tratou-se de uma “visita de cortesia”, tendo como objetivo “conhecerem-se” e “abrir canais de comunicação e relações”. Já a secretária-geral da Casa da América Latina, Manuela Júdice, disse à Lusa que esta visita teve como objetivo criar uma ligação para que “possa nascer” colaborações futuras entre o grupo Nabeiro- Delta Cafés e os países de onde são oriundos os respetivos embaixadores que visitaram a empresa no Alentejo. “Estão perspetivas de negócio em vista, nós orgulhamo-nos de fazer um trabalho pausado, silencioso, mas que tem dado alguns frutos nomeadamente com as áreas que têm a ver com a alimentação, os azeites, as cerejas, uva sem grainha, temos vindo a trabalhar”, sublinhou. Apesar da aposta na diversidade, o café continua a ser a alma do grupo Nabeiro que importa 27 mil toneladas deste produto ao ano de 60 países, entre os quais, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Jamaica, Honduras, Nicarágua, México, Panamá, Perú e Venezuela.