Gueto, favela, ponto negro. Os três epítetos andam pelo imaginário dos elvenses quando se fala no Bairro das Pias. E dizemos "imaginário" porque é a suposição que a maior parte das vezes está na raiz da análise que se faz àquele espaço integralmente habitado pela etnia cigana. Um local tido como um antro tenebroso, um "sítio onde judas perdeu as botas" e onde parece provável que se perca a cabeça, por decapitação, se houver o atrevimento de lá entrar. Como nos compete ver para contar, ignorámos todos os mitos e os receios e passámos lá uma manhã inteira. Voltámos com a cabeça intacta. Facto que nos permite relatar a experiência surpreendente que tivemos.

Durante a reportagem encontrámos um grupo de adolescentes a celebrar um aniversário, um casal que esteve, pela primeira vez pós-pandemia, nas piscinas de Elvas com o filho menor e jovens espanhóis que preferem a calma e pacatez de uma cidade como a alentejana para fazer frente ao tempo quente durante o Verão.

Numa terra em que os moradores pensavam que nada acontecia, de repente, o lar agitou a vila de Alcáçovas, no Alentejo, com um surto de covid-19 que ceifou mais de 30 vidas e abalou a comunidade.

Foi há sensivelmente um mês que o aparecimento de um surto de Covid-19 na Terrugem fez paralisar aquela localidade do concelho de Elvas.