Separadas pela fronteira luso-espanhola, Elvas e Badajoz são duas cidades muito diferentes, mas que mantêm uma íntima relação de proximidade. Num momento em que os Governos que tutelam ambas as regiões se preparam para aprovar um programa ambicioso que tem como objectivo melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem de ambos os lados da fronteira, chegam também de Espanha os ecos de um futuro empreendimento turístico que pretende fazer de Badajoz a “Las Vegas europeia”. O futuro parece promissor para ambas as localidades, que são muitas vezes injustamente ignoradas pelas entidades do Estado dos seus respectivos países. Mas em que é que consiste o misterioso projeto Elysium, e de que maneira pode afectar as vidas das pessoas que vivem no Alentejo e na Extremadura?

Um projeto “paradisíaco” de 3500 milhões de euros

Existem vários projectos turísticos activos na Extremadura e no Alentejo, mas nenhum com a grandeza ou ambição do projeto Elysium. O termo significa ‘paraíso’ em grego, e é precisamente isso que o empresário norte-americano John Cora pretende construir na cidade espanhola de Badajoz. Cora é um experiente empreendedor da área do turismo e do desenvolvimento de resorts, que lidera a empresa Cora Global e que conta com cerca de 3 décadas de experiência como manager dos famosos parques temáticos da Walt Disney. É por isso o homem certo para levar a cabo aquele que pode ser o maior projeto turístico do século na região. Mas afinal, o que é o Elysium?
O Elysium tem vindo a ser promovido na comunicação social como um projeto que pretende transformar Badajoz na “Las Vegas europeia”. E o título é muito mais do que um slogan sensacionalista. Afinal, a Cora Global prepara-se para coordenar um investimento de cerca de 3500 milhões de euros, que resultará na construção de 4 hotéis e respectivos casinos e que deverá ser concluído no ano de 2028 (embora esteja prevista uma primeira fase de construção que deverá ser terminada já em 2023).
Mas não é tudo: ao longo dos 1200 hectares previstos para a conclusão do projeto Elysium, serão também feitos um campo de golfe, um centro comercial, um parque temático, e um estádio com capacidade para albergar 40 mil pessoas. Embora o período atípico que hoje vivemos seja mais convidativo para aqueles que preferem jogar casino online, o projeto Elysium pode vir a fazer de Espanha, e de Badajoz em particular, a grande capital europeia dos jogos de sorte e azar. E a melhor parte é que o projeto não vai apenas beneficiar a região de Extremadura: o seu imenso impacto económico deverá também fazer-se sentir deste lado da fronteira.

Prevista a criação de cerca de 15 mil novos postos de trabalho

Quando considerámos um investimento de 3500 milhões e uma série de empreeitadas turísticas ao lono de mais de 1000 hectares, temos de considerar também o seu profundo impacto económico. Segundo uma notícia publicada no jornal da Rádio Campanário em 2019, o projeto Elysium deverá ser responsável pela criação de 15 mil novos postos de trabalho, que deverão surgir no espaço dos próximos 5 anos. É por isso um projeto que deverá ser tão benéfico para Elvas como para as localidades vizinhas espanholas. Se o Elysium for concluído, é expectável que exista um número revolucionário de construções e projetos paralelos, que podem passar por novos acessos, pela edificação de novas infra-estruturas, e pela oportunidade de criação de novas pequenas empresas e negócios de serviços. No entanto, novos desafios à escala mundial já afectaram de forma severa a actividade turístico-cultural em Badajoz, fazendo-se sentir desde o início de 2020. Vivemos um período excepcional, e é possível que este cenário negro possa afectar de forma indelével a conclusão do projecto multi-milionário Elysium.

Casinos continuam a ser muito populares na Europa

Os jogos de sorte e azar são considerados legais em quase todos os países da Europa, e os casinos são muito populares no “velho continente”. Ainda que os últimos anos – e 2020 em particular – tenham sido marcados pelo advento dos jogos de sorte e azar em formato digital, a Europa continua a ser um dos mercados mais atraentes do mundo para empreendedores do ramo do turismo, como John Cora. Os detalhes relativos ao projeto Elyisium são ainda muito escassos, sendo ainda impossível determinar até que ponto os mais recentes flagelos económico-sociais podem afectar a data de conslusão ou mesmo sobrevivência total do projeto. No entanto, caso o sonho “paradisíaco” de John Cora seja levado a cabo, é expectável que se registe na Extremadura e no Alentejo um dos maiores booms de crescimento económico e criação de emprego das últimas décadas. Num momento em que a sempre delicada fronteira luso-espanhola tem finalmente merecido a atenção dos Governos da Península Ibérica, o Elysium pode ser o projeto que faltava para dinamizar as regiões do interior de ambos os países, que são muitas vezes negligenciadas pelo Estado.

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