O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), criticou hoje o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), considerando que “trata mal todo o interior do país”, para onde não se preveem “grandes investimentos”.
“Fiquei desagradavelmente surpreendido”, porque “acho que o documento trata mal todo o interior do país e, em particular, o Alentejo”, afirmou o autarca alentejano, em declarações à agência Lusa.
Pinto de Sá referiu que “o discurso da coesão territorial não está refletido no documento”, uma vez que “não há grandes investimentos para o interior do país”, pelo que o PRR, que está em consulta pública, “devia ser alterado”.
“A coesão passa pela aposta no interior do país e no reforço das zonas rurais, mas, face a esta situação, temo que os grandes volumes de verbas previstos possam ir para quem tem maior capacidade para a sua absorção, que são grandes empresas”, disse.
Sublinhando que “não estão contemplados investimentos estruturantes fundamentais para o Alentejo e para Évora”, o presidente do município defendeu que “o plano tem de ser substancialmente alterado”.
“Há um conjunto de propostas e ideias que um plano que aponta para a coesão territorial não pode ignorar, porque o país não é apenas o litoral e não podemos destinar milhões e milhões de euros ao litoral sem ter em conta o interior”, advertiu.
O autarca propôs que o PRR possa “responder ao fortalecimento da dinâmica no interior do país”, sugerindo que sejam “criadas condições de emprego, de estabilidade e de rendimento para que as pessoas possam ficar no interior do país”.
Sobre a construção da variante nascente de Évora do Itinerário Principal (IP) 2, que está prevista no plano, Pinto de Sá disse que “é uma excelente notícia para a mobilidade e qualidade de vida” da cidade, mas considerou que “é claramente insuficiente”.
“É uma excelente notícia. Atualmente, o trânsito passa por dentro da cidade” e até separa os dois edifícios do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), o que “deve ser caso único no mundo”, realçou.
Contudo, para o presidente da Câmara de Évora, o PRR também devia incluir a construção e dinamização de um terminal de mercadorias junto à cidade para servir a futura linha ferroviária entre Sines e Badajoz (Espanha).
O lançamento de um programa de habitação acessível, a promoção da qualificação profissional, a criação de condições para a instalação de novas empresas e o apoio à requalificação da rede viária foram outras reivindicações do autarca de Évora.
O PRR, que Portugal apresentou para aceder às verbas comunitárias para fazer face às consequências da pandemia de covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, do clima e digitalização, correspondentes a um total de 13,9 mil milhões de euros de subvenções.
Segundo o Governo, foram definidas três “dimensões estruturantes” de aposta – resiliência, transição climática e transição digital -, às quais serão alocados 13,9 mil milhões de euros de subvenções a fundo perdido das verbas europeias.
No documento, estão também previstos 2,7 mil milhões de euros através de empréstimos.

SM // MLS
Lusa

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