A direcção administrativa do Centro de Dia e Lar de Nossa Senhora de Degolados, no concelho de Campo Maior, manifestou hoje o seu “profundo desagrado” pelo Sistema Nacional de Saúde e lamentou que as corporações de bombeiros da região estejam “sistematicamente a ser vítimas da má organização e funcionamento” do SNS.
Em comunicado enviado à redacção do jornal Linhas de Elvas, a instituição dá o exemplo da assistência e transporte de uma utente do lar que necessitou receber cuidados de saúde.
Entre os dias 28 de Julho e 4 de Agosto, como relata a direcção do centro de dia e lar de Degolados, uma utente foi internada no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, “em consequência de um episódio de hemoglobina baixa e tensão arterial alta”.
“Tendo recebido alta pelas 11 horas da manhã de 4 de Agosto, a utente apenas teve transporte para o lar cerca das quatro da tarde, por indisponibilidade de viaturas das corporações de bombeiros da nossa região. Após o regresso à instituição, o estado de saúde viria a conhecer novo agravamento, que obrigou a enfermeira de serviço a ministrar-lhe medicação para baixar a tensão arterial”, explica fonte da direcção.
“Um familiar da utente tentou que o médico de família tomasse contacto com a situação, mas este último remeteu o acompanhamento do caso para o clínico responsável pela alta hospitalar. Face a este impasse, o familiar providenciou a ida de um médico particular às nossas instalações. Este, ao constatar que a paciente estava em risco de fazer um Ataque Isquémico Transitório (AIT), que normalmente antecede um AVC, solicitou o transporte para o Hospital Dr. José Maria Grande, de Portalegre”, prosseguiu a mesma fonte.
“Depois de estabilizada, a nossa utente teve alta por volta da uma hora da madrugada desta sexta-feira, 6 de Agosto. Todavia, face uma vez mais à dificuldade em conseguir a essa hora uma ambulância das corporações de bombeiros da zona, o transporte só foi assegurado cerca de dez horas depois, a meio da manhã de sexta-feira, com recurso a uma viatura da Cruz Vermelha de Elvas”, relatou a direcção administrativa do Centro de Dia e Lar de Nossa Senhora da Graça de Degolados.
“Manifestamos o nosso mais profundo desagrado pelo sistema de saúde que temos e, em particular, pelo posicionamento dos médicos de família em algumas situações de emergência. Lamentamos, ainda, que as corporações de bombeiros estejam sistematicamente a ser vítimas da má organização e funcionamento da saúde pública em Portugal”, concluiu a instituição.