Moradores de uma zona rural de Évora onde decorrem obras da nova ferrovia tentaram hoje atrasar o início dos trabalhos, num protesto contra o que consideram ser “erros grosseiros” que estão a ser criados pela empreitada.
Organizado pela Associação de Moradores da Garraia, o protesto realizou-se, desde as primeiras horas da manhã, na entrada de um dos estaleiros do consórcio que está a construir o troço ferroviário Évora-Évora Norte, na periferia da cidade.
Todos com coletes amarelos, os cerca de 20 moradores que participaram no protesto concentraram-se à entrada do estaleiro, com cartazes que continham imagens de um dos alegados “erros grosseiros” do projeto.
Durante a iniciativa, os manifestantes tentaram atrasar a saída de veículos e de máquinas do estaleiro e dirigiram-se aos condutores com apelos para que não circulassem, explicando-lhes os motivos do protesto.
Mas sem sucesso porque, mais depressa ou mais devagar, após algum atraso de minutos, os veículos pesados lá seguiram para a obra de construção da linha ferroviária.
“Não estamos contra a obra, mas estamos contra a forma como ela está a ser dirigida pela Infraestruturas de Portugal (IP)”, afirmou o presidente da Associação de Moradores da Garraia, Pedro Pessoa, em declarações à agência Lusa.
O responsável argumentou que os moradores reivindicam “o total cumprimento das condições da decisão de conformidade ambiental emitidas pela APA [Agência Portuguesa do Ambiente], que não estão a ser cumpridas”.
“Estamos também a protestar pelos erros grosseiros que existem na obra” e para os quais a associação de moradores e a Câmara de Évora alertaram “desde há quatro anos, desde a consulta pública do projeto”.
Segundo Pedro Pessoa, um desses erros é a solução prevista para a ligação do Caminho Municipal 1090, que serve os moradores do lugar da Garraia, à Estrada Nacional (EN) 18, que a IP “tem recusado corrigir”.
“Está projetado para ser um entroncamento em curva com uma inclinação bastante acentuada”, referiu, considerando que este “é o erro mais grosseiro” e que “vai pôr em risco a vida das pessoas”.
Assinalando que existem outros erros que resultam desta empreitada, o presidente da Associação de Moradores da Garraia acusou a IP de falta de diálogo, até com a câmara municipal.
O presidente da União de Freguesias do Bacelo e Senhora da Saúde, Luís Pardal, que se juntou ao protesto, realçou à Lusa que a obra da ferrovia está a provocar “vários impactos” em diversas zonas da cidade.
O futuro acesso ao caminho municipal 1090 “é talvez o ponto em que se prevê maior perigosidade para quem irá circular”, apontou o autarca, exigindo que seja apresentada “uma alternativa” por parte da IP.
Estão em fase de obra os quatro troços que vão integrar o Corredor Internacional Sul, entre Sines e a fronteira do Caia, em Elvas (Portalegre), no âmbito do Programa de Investimentos na Expansão e Modernização da Rede Ferroviária Nacional “Ferrovia 2020”.
O projeto pretende reduzir o tempo de trajeto, em consequência da utilização de comboios de tração elétrica entre Sines e Caia, e “aumentar a eficiência e atratividade” do transporte ferroviário de mercadorias, ao permitir a circulação de comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento.

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