No meio de tanto que já se disse e escreveu sobre as Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, chegou a minha vez de deixar mais uma reflexão. Não sei se será uma nova reflexão, mas uma certeza tenho: será num ângulo diferente e com um sentimento muito único e que só a mim diz respeito.
Uma jovem católica não foi às Jornadas Mundiais da Juventude.
A decisão só a mim diz respeito e as consequências também. Mas uma garantia eu posso dar: acompanhei tudo e com direito a ser em modo repetição.
Chegou a vez de deixar a minha reflexão que nunca irá ser perto e real com base no que aconteceu durante aquela semana que crentes ou não crentes viveram. Seja pelas coberturas intensas nos meios de comunicação social, seja pelos esforços das forças de segurança, seja pelo teletrabalho recomendado pelas empresas, seja pela tolerância de ponto na função pública, seja pelo corte das estradas, seja pela alteração nos transportes públicos, seja pela movimentação nos restaurantes e por aí adiante…
Crentes e não crentes, mas todos humanos.
Crentes e não crentes, mas todos com aspirações e expectativas sobre o mundo e sobre a vida.
Crentes e não crentes, mas todos com desafios e problemas.
Crentes e não crentes, mas todos com risos e lágrimas.
Crentes e não crentes, mas todos humanos.
Juntou-se juventude decidida, com asas abertas e com um foco muito claro. Juntou-se juventude com garra de mudar. Juntou-se juventude sem medo do julgamento. Juntou-se juventude que sabe que a única forma de salvar o mundo e a sociedade é com alegria e amor.
Foi sobre uma semana de sorrisos, de gente com o coração do lado certo e com vista num único objetivo comum. Foi sobre um país e uma cidade, cada vez mais confusos e atribulados, que receberam um Homem, um Senhor, um Papa, o Papa Francisco. No fundo, recebeu-se aquilo que se ansiava, mas sem direito a despedida. Espero.
Veio o sorriso, veio a humildade, veio a simplicidade, veio o sonho, veio a clareza, veio a humanidade. Clareza e humanidade, que não lhe façamos uma despedida. Espero.
Tenho a certeza que o Papa Francisco vai ficar muito grato. A todos.
E os discursos? Aqueles bichos papões com alto nível de responsabilidade de quem os faz e de quem os interpreta, com alto nível de emoção por se saber que se tem uma audiência a ouvir e que sabe o poder que tem para fazer com que essa audiência deixe de ouvir e passe a escutar.
Escutar. A atividade mais praticada e observada de forma arrepiante. A imensidão de jovens de todo o mundo em silêncio e em escuta.
Discursos humanos, holísticos, humildes, simples, sem grandes preocupações com a língua em que estavam. A língua foi só uma – a da Humanidade. Com ou sem fé, foi escutada e percebida.
Fé. Esta que pode ser naquilo que cada um quiser e se sentir chamado a que seja.
É isso que o Papa Francisco deseja: que cada um se conheça e aja consoante aquilo a que se sente chamado a agir. Sempre com a base de uma sociedade sã e humana. De todos para todos. Com todos e sobre todos.
O Papa chegou com uma promessa e saiu com ela cumprida – ficar mais jovem.
Que sejamos pessoas com promessas e façamos para as cumprir.
Cumprir uma sociedade e um mundo melhor…
Leonor Abelha Terrinca
(Licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial pela ESCS e Mestrado em Comunicação Estratégica e Liderança pela UCP)