Fundado a 15 de Agosto de 1947, “O Elvas” Clube Alentejano de Desportos nasceu de uma fusão improvável entre uma filial benfiquista e outra sportinguista, o Sport Lisboa e Elvas e o Sporting Clube Elvense, tendo feito a estreia na I Divisão três meses após a data da fundação, ocupando o lugar das águias elvenses no primeiro escalão.
Depois de o SL Elvas ter participado nos campeonatos de 1945-46 e 1946-47, “O Elvas” deu sequência às duas boas campanhas dos antecessores e manteve-se entre a elite do futebol português até 1950.
Embora se tenha tornado um clube mais representativo, o emblema de azul e oiro esteve afastado do patamar maior do futebol nacional até ao final da década de 1980, quando voltou à I Divisão para somar mais duas presenças.

Porém, caiu nas divisões secundárias em 1988. Após ter participado na edição inaugural da II Liga em 1990-91, competiu na II Divisão B entre 1991 e 1995 na Zona Sul e entre 1997 a 1999 na Zona Centro. Contudo, no século XXI estatelou-se nos campeonatos distritais da AF Portalegre e em 2014 e depois em 2018 extinguiu o futebol sénior.
Vale por isso a pena conferir os dez jogadores com mais jogos pelo “O Elvas” na II Liga.
10. Paulo Tomás (31 jogos)

Disputou o mesmo número de jogos de Celestino Ribeiro e José Monteiro, mas amealhou mais minutos em campo: 2772.
Lateral/médio direito natural de Setúbal, jogou ao lado de Rui Correia, Fernando Mendes, Litos e José Lima nas camadas jovens do Sporting e passou por Mangualde, Estrela de Portalegre e Lusitano Évora antes de ingressar no “O Elvas” no Verão de 1989.
Na primeira época no emblema raiano alcançou o apuramento para a edição inaugural da II Liga, prova na qual em 1990-91 disputou 31 jogos (todos como titular) e marcou três golos, diante de Académica, Desp. Aves e Barreirense, insuficiente para impedir a despromoção à II Divisão B, numa temporada em que desciam sete equipas.
Após a descida de divisão mudou-se para o Torreense.
9. Sérgio Pinto (32 jogos)

Médio brasileiro que no seu país representou o Vasco da Gama, entrou no futebol português pela porta do Sp. Braga e representou ainda Penafiel, Olhanense e União de Leiria antes de assinar pelo “O Elvas” no Verão de 1990.
Na única época que passou no emblema raiano atuou em 32 encontros (24 a titular) na II Liga, mostrando-se impotente para impedir a descida à II Divisão B.
Após a despromoção mudou-se para o Torreense.
8. Zé Rui (33 jogos)

Defesa central internacional cabo-verdiano que no seu país representou o Sporting da Praia, entrou no futebol português pela porta do União de Santiago do Cacém, de onde saiu para “O Elvas” no Verão de 1990.
Na primeira época no emblema raiano participou em 33 partidas (todas como titular) e marcou um golo ao Sp. Espinho na II Liga, mostrando-se impotente para impedir a descida à II Divisão B.
Após a despromoção permaneceu mais um ano no clube, transferindo-se depois para a União de Leiria.
7. Décio (35 jogos)

Ponta de lança brasileiro que no seu país representou o Internacional de Porto Alegre, entrou no futebol português pela porta do Vitória de Guimarães, clube pelo qual conquistou a Supertaça e de onde saiu para “O Elvas” no Verão de 1989.
Na primeira época no emblema raiano alcançou o apuramento para a edição inaugural da II Liga, prova na qual em 1990-91 disputou 35 jogos (21 a titular) e apontou seis golos, frente a Recreio de Águeda, Maia, Feirense, Barreirense (dois) e Torreense, insuficientes para impedir a descida à II Divisão B.
Após a despromoção transferiu-se para o Atlético.
6. Rui Pedro (35 jogos)

Disputou o mesmo número de jogos de Décio, mas amealhou mais 535 minutos em campo – 2808 contra 2273.
Médio ofensivo natural de Almada e internacional jovem por Portugal, jogou ao lado de Futre nos juvenis do Sporting, mas foi no Benfica que conclui a formação e iniciou o seu trajeto enquanto sénior, tendo inclusivamente saboreado a conquista de um campeonato, duas Taças de Portugal e uma Supertaça.
No entanto, a falta de espaço na Luz empurrou-o para um empréstimo ao Vitória de Setúbal e por uma passagem pelo Varzim antes de ingressar pelo “O Elvas” no Verão de 1989. “Os dirigentes tiveram boas referências minhas e lá me convenceram a ir para o Alentejo. Fiquei dois aninhos, o primeiro mais fraco e o segundo com uma grande época”, afirmou ao portal zerozero.
Na primeira época no emblema raiano alcançou o apuramento para a edição inaugural da II Liga, prova na qual em 1990-91 participou em 35 encontros (33 a titular) e apontou sete golos, diante de Louletano, Recreio de Águeda (dois), Varzim, Académica, União de Leiria e Lusitano VRSA, insuficientes para evitar a descida à II Divisão B.
Após a despromoção mudou-se para o Montijo. “O O Elvas comprou-me ao Benfica no verão de 1990, entre as duas épocas. Subimos à Liga de Honra [II liga] e nessa época estive bem. Marquei alguns golos e joguei sempre. Apesar disso, descemos de divisão. O treinador era o Manuel Cajuda, saiu para o Torreense depois, e em Torres Vedras treinou o irmão de um colega nosso no “O Elvas”. Segundo ele, na palestra antes do nosso jogo, o Cajuda só falou de mim. ‘Tenham cuidado com o Rui Pedro à entrada da área’, era assim que eu fazia golos. Pontapés de ressaca. Nesse ano tive uma oferta do Belenenses e com a Académica, podia ser o meu regresso à I Divisão. Nem um nem outro. O “O Elvas” desceu, eu tinha contrato, pediram muito dinheiro por mim, aquilo demorou bastante e acabei por sair livre para o Montijo. Coisas de anjinho. Escolhi ficar perto de casa, mais uma vez”, recordou.
5. Juanito (35 jogos)

Disputou o mesmo número de jogos de Décio e Rui Pedro, mas amealhou mais minutos em campo: 2834.
Médio ofensivo de qualidade técnica natural de Baleizão, no concelho de Beja, ingressou no O Elvas no seu primeiro ano de sénior, em 1986-87, depois de ter concluído a formação no Desp. Beja. “O Sr. Lemos (diretor do Desp. Beja) conversou com o José António, que jogava no clube, sobre a hipótese de ir treinar ao “O Elvas”. E assim foi, agradei ao treinador da altura, Carlos Cardoso, e nesse ano fiz um contrato profissional, tinha o clube subido à I Divisão. Foi o concretizar do meu sonho de miúdo, ser jogador de futebol”, contou à página Velha Guarda da Bola.
Nos dois primeiros anos na cidade raiana competiu na I Divisão, os dois seguintes na II Divisão e o quinto na edição inaugural da II Liga.
Em 1990-91 foi utilizado em 35 partidas (33 a titular) e marcou um golo ao Leixões no reformulado segundo escalão, insuficiente para evitar a descida à II Divisão B.
Em 1991 transferiu-se para o Louletano e no ano que se seguiu para o Campomaiorense, tendo voltado a representar os elvenses entre 1993 e 2001. Ao longo desses oito anos desceu à III Divisão em 1994-95 e 1998-99 e subiu à II B em 1996-97.
Depois de encerrar a carreira de futebolista iniciou a de treinador, tendo orientado várias equipas do “O Elvas” entre 2006 e 2015. “’O Elvas’ é o clube do meu coração. Foi lá que me iniciei, aos 18 anos, e cresci enquanto homem. Foram 13 anos com aquele emblema ao peito, com bons e maus momentos”, concluiu.
4. Luís Quintas (35 jogos)

Disputou o mesmo número de jogos de Décio e Rui Pedro, mas amealhou mais minutos em campo: 2880.
Avançado natural de Torres Novas, representou Alcanenense e Mirense antes de ingressar no “O Elvas” no Verão de 1989.
Na primeira época no emblema raiano alcançou o apuramento para a edição inaugural da II Liga, prova na qual em 1990-91 disputou 35 partidas (31 a titular) e apontou oito golos, diante de Portimonense, Recreio de Águeda, União de Leiria, Lusitano VRSA, Feirense, Varzim e Freamunde (dois), registo que fez dele o melhor marcador da equipa nessa temporada, mas que se revelou insuficiente para impedir a descida à II Divisão B.
Valorizado pelas boas campanhas de azul e ouro, deu o salto para o Belenenses no Verão de 1991.
3. João Paulo (36 jogos)

Avançado madeirense que tinha concluído a formação e passado os primeiros anos de sénior no Marítimo, foi contratado pelo “O Elvas” no Verão de 1990.
Na única temporada que passou no emblema raiano disputou 36 jogos (30 a titular) na II Liga e apontou seis golos, diante de Académico de Viseu, Desp. Aves, Freamunde, União de Leiria, Académica e Leixões, insuficientes para impedir a descida à II Divisão B.
Após a despromoção regressou ao Marítimo.
2. Guto (36 jogos)

Disputou o mesmo número de jogos de João Paulo, mas amealhou mais 479 minutos em campo – 3200 contra 2721.
Defesa central internacional jovem brasileiro, jogou na equipa principal do Flamengo entre 1983 e 1987 ao lado de Mozer, Zico, Bebeto, Aldair, Jorginho, Leonardo, Sócrates e Renato Gaúcho, entre outros, tendo saído do mengão para “O Elvas” no final de 1987, na altura para jogar na I Divisão.
Após uma época no primeiro escalão e duas na antiga II Divisão Nacional, em 1990-91 atuou em 36 partidas (todas como titular) na II Liga e apontou dois golos, diante de Feirense e Louletano, insuficientes para evitar a descida à II Divisão B.
A seguir à despromoção transferiu-se para o Belenenses.
Haveria de falecer precocemente a 23 de outubro de 2009, aos 45 anos, numa altura em que aguardava por um transplante de fígado.
1. Elísio (37 jogos)

Guarda-redes internacional jovem por Portugal e formado no Benfica ao lado de Samuel e José Carlos, entre outros, passou pelos seniores de Guarda, Gil Vicente, Estoril e Bragança antes de ingressar no “O Elvas” no Verão de 1990.
Na única temporada que passou no emblema raiano foi utilizado em 37 encontros (sempre como titular) e sofreu 44 golos, mostrando-se impotente para impedir a descida à II Divisão.
Após a despromoção transferiu-se para o Torreense.
David Pereira (O Blog do David)