No dia em que se preparavam para receber o relatório da autópsia ao corpo de Cláudia Silva, Céu Almeida e Joaquim Silva tomaram conhecimento da detenção de Nelson Nunes. O alegado homicida e companheiro da filha foi detido ontem por elementos da Unidade Local de Investigação criminal de Évora por fortes indícios da prática de um crime de homicídio qualificado.

Presente na tarde de ontem a primeiro interrogatório judicial, o suspeito ficou em prisão preventiva. A jovem mulher de 35 anos natural de São Vicente e Ventosa, grávida de sete meses, foi encontrada sem vida com vários cortes no tórax e abdómen ao início da noite de 23 de Junho numa estrada junto a Borba, após alerta de desaparecimento por parte da família.

Consternado, mas sereno, Joaquim Silva não se mostrou surpreendido com o resultado da investigação da Polícia Judiciária (PJ). “Nós estávamos seguros de que o desfecho seria este, mas sem provas não tínhamos o direito de acusar ninguém. A polícia reuniu esses elementos, que vêm totalmente ao encontro das nossas suspeitas, pelos maus tratos que ele lhe dava, pelo controlo constante e pelas ameaças”.

Em contacto regular com a PJ, que ia dando garantias do avanço da investigação, Joaquim Silva analisava por conta própria detalhes do relacionamento conturbado entre Cláudia e Nelson, “marcado por extorsão de dinheiro, ciúmes, agressões, chantagens e a proibição de contactar com toda a família”. Também acreditava na premeditação de crime, “porque quando entrei em casa da minha filha, após a morte dela, não havia bens pessoais deste indivíduo, um pormenor que me parece revelador”, declara.

Confiantes no trabalho da PJ, e empenhados em não causar nenhuma obstrução às investigações, o casal manteve a serenidade que incluiu algum contacto com o suspeito agora indiciado, devido à disputa pela guarda de Bernardo, um menino de dois anos filho de Cláudia e Nelson. Céu Almeida assumiu essa parte da tarefa. “Era comigo que ele contactava para combinar os dias em que vinha recolher o menino e quando viria entregá-lo. Foi assim ao longo dos dois últimos meses”.

Sem uma comunicação oficial por parte das autoridades, que aguardam “a todo o momento”, Céu Almeida e Joaquim Silva preparam-se para os passos seguintes: enfrentar o suspeito na justiça, confiantes “no trabalho da polícia e do tribunal” e obter a guarda dos dois netos: Bernardo de 2 anos, filho de Nelson Nunes e Cláudia, e Santiago de 7 anos, resultante de um relacionamento anterior.

Joaquim Silva e Céu Almeida, pais de Cláudia Silva

O alegado homicida

Nelson Nunes, empresário, de 44 anos é natural de Ponte de Sor, com residência em Santo Aleixo, concelho de Monforte.

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