O presidente da Câmara de Elvas, Rondão de Almeida, rejeitou hoje as acusações de discriminação contra a etnia cigana, feita por associações representativas, salientando que trata todos os munícipes por igual.
“A minha consciência diz-me que para mim não há seres humanos de primeira nem de segunda, não há branco, não há preto, não há amarelo, não há cigano, são todos seres humanos e foi assim que o meu pai me criou”, afirmou à Agência Lusa Rondão de Almeida, em reposta à queixa hoje tornada pública.
Associações ciganas e a organização SOS Racismo denunciaram hoje o que consideram ser declarações discriminatórias por parte do autarca de Elvas, que disse duvidar da capacidade dos ciganos em terem condições para obter casas para arrendar.
Numa cerimónia em 06 de outubro, na cerimónia de lançamento da Estratégia Local de Habitação de Elvas, Rondão de Almeida evocou o seu passado de autarca socialista, hoje eleito por um movimento independente, e reagiu às críticas da oposição local que o acusavam de estar a lançar a primeira pedra para 60 fogos que seriam destinados à população cigana.
“Meus caros amigos, se o pessoal da etnia cigana for capaz de apresentar um contrato de trabalho e, nesse contrato de trabalho, se verificar que tem rendimentos para poder pagar uma renda acessível, estaremos abertos. Duvido é que apareça alguém, neste caso da etnia, com contrato de trabalho para poder ir para aquilo que hoje vai ser inaugurado”, disse o histórico autarca, na presença da ministra da Habitação, Marina Gonçalves.
Em declarações à Lusa, Bruno Magalhães, vice-presidente da associação Letras Nómadas – uma das subscritoras de uma queixa junto da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial – acusou Rondão de Almeida de “reforçar também o estereótipo de que os ciganos não trabalham”.
“Existem estes mecanismos democráticos que nos permitem fazer queixa contra tudo isto e não vamos permitir que sejam os políticos a reforçar a ciganofobia em Portugal”, acrescentou.
Em resposta a esta polémica, Rondão de Almeida nega as acusações. “Não há razão nenhuma uma vez que o próprio pessoal da etnia cigana, no concelho de Elvas, sabe muito bem que, para mim, nunca houve grande distinção, pelo contrário”, afirmou, dando o exemplo dos “programas ocupacionais” da autarquia e a “preocupação em acabar com o bairro da lata, onde viviam 42 famílias”.
“Comprei terreno, infraestruturei, criei um bairro e acabei com o bairro da lata do pessoal de etnia cigana. Por isso, os ciganos em Elvas de certeza compreendem que têm um presidente que os estima e considera tal e qual como faz com o resto da população”, disse, salientando que os 60 fogos de Renda Acessível inserem-se em programas de apoio diferentes.
As “casas para renda acessível” destinam-se aos “trabalhadores que hoje têm grandes dificuldades em poder arrendar uma casa, porque o ordenado que ganham não é compatível com a situação da renda ou o pagamento ao banco”, mas “se houver pessoal da etnia cigana, que consiga evidentemente reunir esses requisitos passa a ter os mesmos direitos do que têm os outros”, afirmou o autarca, salientando que, nas suas declarações de 06 de outubro nunca recusou o acesso ao programa a ninguém.
“Isto não quer dizer, evidentemente, que os ciganos não trabalham porque a prova de que eles trabalham é que nós os temos nos programas sociais” da autarquia, acrescentou, reafirmando os programas de apoio existentes.
“A Câmara Municipal de Elvas tem neste momento seis milhões de euros aprovados através do programa de recuperação de casas degradadas e esses seis milhões destinam-se precisamente para requalificar totalmente o bairro das Pias onde vive a etnia cigana”, disse ainda Ronda de Almeida, que resumiu as críticas feitas a “politiquice barata”.
Sobre este caso, a SOS racismo acusou, também, o autarca de Elvas de estar a reforçar “estereótipos prejudiciais e falsos”.
“Rondão de Almeida demonstrou hoje, sem margem para dúvidas, a sua convicção de que não há nenhum membro da comunidade cigana com contrato de trabalho em Elvas. No entanto, é de notar que nas eleições locais, foram, sem dúvida, os votos dos elvenses ciganos que contribuíram para a sua eleição, por uma margem mínima”, pode ler-se no comunicado da SOS Racismo.

Associações ciganas queixam-se de declarações discriminatórias de autarca de Elvas

Associações ciganas e a organização SOS Racismo acusaram hoje de discriminação o presidente da Câmara de Elvas, Rondão de Almeida, que disse duvidar da capacidade dos ciganos para conseguirem arrendar fogos municipais.
Em declarações à Lusa, Bruno Magalhães, vice-presidente da associação Letras Nómadas e um dos subscritores de um pedido urgente de audiência com a secretária de Estado da Igualdade e Migrações por parte de várias associações ciganas, acusou o autarca de “reforçar o estereótipo de que os ciganos não trabalham”.
“Existem estes mecanismos democráticos que nos permitem fazer queixa contra tudo isto e não vamos permitir que sejam os políticos a reforçar a ciganofobia em Portugal”, afirmou Bruno Magalhães, adiantando que 11 associações ciganas já fizeram uma queixa coletiva junto da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
Numa cerimónia a 06 de outubro, de lançamento da Estratégia Local de Habitação de Elvas, Rondão de Almeida, hoje eleito por um movimento independente, evocou o seu passado de autarca socialista e reagiu às críticas da oposição local que o acusavam de estar a lançar a primeira pedra para 60 fogos que seriam destinados à população cigana.
“Meus caros amigos, se o pessoal da etnia cigana for capaz de apresentar um contrato de trabalho e, nesse contrato de trabalho, se verificar que tem rendimentos para poder pagar uma renda acessível, estaremos abertos. Duvido é que apareça alguém, neste caso da etnia, com contrato de trabalho para poder ir para aquilo que hoje vai ser inaugurado”, disse o histórico autarca, na presença da ministra da Habitação, Marina Gonçalves.
“O que nós vimos é lamentável e repudiável”, com um autarca a “dirigir-se a uma comunidade, excluindo-a automaticamente de um equipamento que vai ser construído com dinheiro do PRR”, afirmou Bruno Magalhães, criticando o facto de Rondão de Almeida considerar que “não há nenhum cigano, português e elvense, que tenha requisitos para concorrer aos fogos que, em breve, irão ser construídos na cidade”.
Essas palavras foram ditas “na presença da ministra da Habitação, que, de forma passiva, deixou que aquele senhor passeasse pelo preconceito”, acusou o dirigente.
“Não podemos aceitar que os portugueses ciganos sejam excluídos à partida, para acalmar as hostes de alguma população racista em Elvas”, acrescentou o responsável associativo, que exige uma “resposta clara” do Governo quanto a esta matéria.
“Ou então nós vamos fechar as nossas portas, porque não adianta trabalhar neste país, porque temos um governo que permite estes discursos”, sublinhou. 

Carregar mais artigos relacionados
Carregar mais artigos por Redacção
Carregar mais artigos em Destaque Principal

Veja também

Campo Maior: GNR ‘transforma’ recolha de tampas em solidariedade

O Comando Territorial de Portalegre da GNR, através do Posto Territorial de Campo Maior e …