Aproxima-se o dia 10 de março, e ler os jornais ou ver as notícias tem se tornado um martírio, pois diariamente posso ser confrontada com algo que me leve a questionar tudo. A política veio colocar à prova o meu pensamento crítico e a minha capacidade de analisar as situações de uma perspetiva externa, evitando ser arrastada unicamente para um dos lados. Um exemplo disto são os comentadores televisivos e os cronistas jornalísticos, cujas opiniões frequentemente refletem as suas inclinações pessoais. Um aspeto que tenho observado é que (quase) todos expressam-se a partir do seu próprio espectro político.

Contudo isso é positivo pois, no mundo das redes sociais, os algoritmos tendem a expor-nos apenas a um vasto leque de conteúdos alinhados com as nossas conceções. Falta o desafio e, quando surge, parece que deixámos de saber trocar ideias, terminando em discussões acaloradas.

No curso online de “Literacia Política”, de José Maria Pimentel, este menciona: “A política é intrinsecamente complexa, porque muitos temas cruzam dimensões económicas, sociais e necessidades individuais, e implicam conhecer a história dos assuntos em discussão e ter em conta influências globais.”

Este é um alerta para a superficialidade presente neste campo. Um artigo não se resume ao seu título, é o texto que o compõe. Um partido não é só propostas “atiradas à parede”, é o seu programa eleitoral. Um líder não é apenas alguém que levanta a voz, mas sim alguém que respeita o país que temos e pelo qual lutamos.

No próximo domingo, quando estivermos frente a frente com o boletim de voto, lembremo-nos de que o que estamos prestes a fazer é o resultado de um país livre.

Deixo-vos com um excerto do livro “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky & Daniel Ziblatt:

“Surgira uma séria disputa entre o cavalo e o javali; então, o cavalo foi a um caçador e pediu ajuda para se vingar. O caçador concordou, mas disse: “Se deseja derrotar o javali, tem de me permitir que eu ponha esta peça de ferro entre as suas mandíbulas, para que o possa guiar com estas rédeas, e que coloque esta sela nas suas costas, para que possa manter-me firme enquanto seguimos o inimigo.” O cavalo aceitou as condições e o caçador logo o selou. Assim, com a ajuda do caçador, o cavalo venceu o javali, e então disse: “Agora, desça e retire essas coisas da minha boca e das minhas costas.” “Não tão rápido, amigo”, disse o caçador. “Eu tenho-o sob as minhas rédeas e esporas, e por enquanto prefiro mantê-lo assim”.

“O javali, o cavalo e o caçador”, Fábulas de Esopo.

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