A Moção ‘E’ do Bloco de Esquerda reagiu, através de um comunicado enviado ao Jornal “Linhas de Elvas”, às declarações de Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, sobre as demissões de mais de 70 aderentes do BE do distrito de Portalegre.
Este grupo de aderentes pretende “colocar a verdade dos factos mencionados pela Mariana Mortágua sobre a guerra na Ucrânia”.
Leia aqui o comunicado na íntegra:
“Moção ‘E’ rejeita ataques pessoais ou falsidades e apela ao debate democrático
No processo preparatório da XIV Convenção Nacional do Bloco, foram lançados anátemas por dirigentes do secretariado e um ex-dirigente contra os militantes que apoiaram a Moção ‘E’ nas duas mais recentes Convenções.
A Moção ‘E’ lamenta que responsáveis pela moção apoiada pelo secretariado estejam a produzir e a incentivar através de declarações públicas um clima de crispação política e pessoal nas relações internas entre camaradas.
A divergência política é salutar e essencial numa organização democrática. Procurar condicioná-la com uma vaga de ataques pessoais e afirmações falsas sobre posicionamentos políticos, facilmente comprováveis, é profundamente antidemocrático e só pode ter como objetivo fazer com que o debate assente num confronto de claques.
A Moção ‘E’ tem levado a cabo ao longo de anos um esforço agregador em torno de propostas alternativas de aderentes, nomeadamente de descontentes com o rumo do partido. Por isso, é com tristeza que assistimos a saídas do Bloco de militantes que construíram o partido, por vezes em condições muito difíceis e sem apoios, como no recente caso de Portalegre. O secretariado tem a obrigação de avaliar politicamente estas situações, perceber que é preciso fazer mudanças, em vez de as desvalorizar ou tentar justificá-las virando o foco para um alegado apoio a Putin na guerra da Ucrânia, argumento que nunca conseguiu sustentar.
Sobre a invasão da Ucrânia e acusação de que a Moção ‘E’ defendeu Putin contra Trump (uma
impossibilidade histórica porque era Biden o presidente dos EUA 2021 – 2025), é esclarecedor revisitar o que afirmou a Moção ‘E’ na XII Convenção (2023):
9: Os Estados europeus em geral não exercem um papel autónomo nas relações internacionais, submetidos à NATO e às imposições dos EUA. Não definem uma política própria de comércio internacional mais justa, de solidariedade com o Sul Global, com os povos que migram para fugir à fome e à morte, de apoio aos povos palestiniano, curdo e sahauri, de vanguarda na luta pela paz e no combate às alterações climáticas. Em vez de escolherem a via negocial para a resolução dos conflitos, optam pela militarização e corrida armamentista, com um dramático cortejo de mortes e destruição nos campos de batalha.
10: O Bloco posiciona-se contra a guerra produto da crise do próprio capitalismo global, em que os povos perdem sempre. Rejeitamos com veemência a agressão da Rússia contra a Ucrânia e exigimos a todas as potências envolvidas que, em vez de alimentarem a guerra, cessem imediatamente os combates e avancem para negociações de paz. Condenamos e sabemos da responsabilidade direta da Federação Russa na invasão da Ucrânia. Não temos qualquer dúvida sobre o papel agressivo dos EUA e da NATO e a submissão da generalidade dos governos europeus aos seus desígnios expansionistas para o domínio global na disputa com potências emergentes. Queremos Putin fora da Ucrânia e a NATO fora da Europa. O Bloco não pode ficar ligado a qualquer decisão que branqueie essa submissão (caso da votação de
resoluções no Parlamento Europeu).”
De facto, foi o secretariado que alinhou com a estratégia do eixo euro-atlântico de “prolongar
a guerra até à derrota da Rússia” e de privilegiar o belicismo em vez da prioridade absoluta à paz. Como se comprova, essa estratégia levou ao sacrifício de milhares de vidas e à destruição de um país. As condições atuais prejudicam a Ucrânia num processo de paz, a favor de um entendimento entre Trump e Putin de acordo com os interesses das respetivas potências imperialistas.
A Moção ‘E’ apela a que o secretariado, a bem de um são debate interno, não procure extremar o sectarismo no relacionamento entre militantes com inverdades ou torneando a realidade, como começa a ser hábito. Mesmo não apresentando uma moção à XIV Convenção, a Moção ‘E’ não deixará de participar nos debates, apelando a que sejam feitos com elevação e democracia.
Moção ‘E’
