A tradição de ir acampar para a Mata da Piedade durante o São Mateus este ano tem uma novidade: a eletricidade falha! Falha e demora a ser restabelecida.

Por duas noites  interpoladas (quarta-feira dia 17 e na passada noite, 19 de Setembro) houve apagão.  A quebra registada esta sexta-feira prolongou-se e só na manhã deste sábado (cerca das 10h00) é que a equipa técnica conseguiu resolver  o problema e restabelecer a energia.

Marisa Martins, campista de toda a vida no São Mateus, denunciou a situação nas redes socias, depois de não ter obtido resposta satisfatória por parte da Confraria do Senhor Jesus da Piedade, responsável pela gestão do espaço onde está implantado o secular “acampamento”.

Após ter ficado às escuras, em pleno jantar, Marisa Martins expressava no Facebook  a indignação: “COMO É POSSÍVEL à 2 dias tivemos sem luz , hoje repete-se novamente NA MATA !

Tendo as pessoas pago 2 meses antes porque assim exigiram!

Onde está a confraria e a resolução agora?

NO NOSSO CASO, temos 2 terrenos ao qual cada terreno leva 2 eletrodomésticos, e a nossa família apenas tem 2 por 2 terrenos!

Estragou-nos a carne toda congelada , tudo o que estava no frigorífico!

Agora pergunto-me , “QUEM PAGA ISTO?”

Resolução: FOMOS MANDANDOS EMBORA !!!!”

Vários campistas manifestaram insatisfação comentando o post. “Nunca em tantos anos que acampamos aconteceu tal coisa! Uma falta de respeito pelo trabalho e pela dedicação que cada um perde a montar para que passem duas semanas a desfrutar com a família! Para não falar do que pedem por um terreno, se pagamos é para se usufruir de tudo o que isso inclui!…”, escrevia Ana Martins. “Que vergonha 😞”, acrescentava Ana Eduardo, que se expressava de forma moderada, comparativamente com outros comentadores mais duros.

Dois equipamentos elétricos permitidos por cada fração de terreno

Em contacto com o Linhas de Elvas, para “denunciar a situação” e expressar o incómodo e o prejuízo material (carne estragada que se encontrava no frigorífico) e moral, porque a habitual “alegria e tradição já estão manchadas”, Marisa Martins mostrou-se totalmente surpreendida pelos acontecimentos. À semelhança de anos anteriores, Marisa e a família estão na Mata da Piedade desde dia 13, com a intensão de ali permanecerem até 28 de Setembro, o último dia da edição de 2025 do São Mateus. A família Martins ocupa “dois terrenos” e está a cumprir escrupulosamente as regras. “Pelos dois terrenos pagámos 220 euros, 85€ por cada um, mais 50€ por um lugar de estacionamento”, começa por explicar. Depois esclarece que estão a “utilizar apenas dois equipamentos elétricos”, em rigoroso cumprimento das regras, que estabelecem que “por cada terreno há um limite de dois eletrodomésticos. No nosso caso podíamos utilizar quatro, porque são dois terrenos, mas ligámos apenas dois”.

Marisa Martins acrescentou que a família não pernoita na Mata, ao contrário de outras pessoas, que ali passam a noite e que nesta sexta-feira “estiveram às escuras desde a hora do jantar até hoje de manhã”. A campista, que espera que o problema seja resolvido,  tentou obter explicações junto da Confraria, mas não ficou satisfeita com o feedback. “Não aparece ninguém, só vieram cerca da uma da manhã. Também nos  foi dito, por telefone, que iam fiscalizar”.

“É um abuso! Trazem a cozinha toda e o quadro não aguenta”

O Linhas de Elvas contactou a Confraria do Senhor Jesus da Piedade para obter esclarecimento sobre o sucedido. Carlos Damião, Juiz da Confraria, lamentou “profundamente a situação”, que resulta “da utilização abusiva de equipamentos elétricos”, garantiu. “Há um limite na potência, tal como em nossas casas, e tem de ser distribuída por todos os utilizadores. É um abuso! Há pessoas que trazem a cozinha toda e o quadro não aguenta. Ligam frigorífico, arca congeladora, micro-ondas, máquina de café, placa elétrica… quando está estabelecido um limite de dois equipamentos por cada terreno”.  O Juiz agradece aos cumpridores e apela aos “infratores”: “ por favor utilizem apenas os dois equipamentos autorizados”. Carlos Damião afirmou “que é injusto e inadmissível que haja pessoas a ser prejudicadas pela falta de cumprimento de outras”.

Para mitigar os constrangimentos, a Confraria deu instruções aos eletricistas para reforçarem a potência do quadro, garantindo que “não foi feita nenhuma redução, ao contrário do que está ser dito”. Adverte que “tecnicamente não é possível aumentar muito mais. A solução era um PT novo, mas isso tem um custo incomportável, de milhares de euros, que seria inviável porque a utilização é sazonal. Apenas duas semanas, durante a Feira”.

Adicionalmente, Carlos Damião promete “fiscalização”. Vamos verificar o número de equipamentos e assegurar que não há abusos”. Quem não cumprir será penalizado. “Nós não somos polícia e logicamente não vamos multar ninguém. O que podemos fazer é, no próximo ano, acompanhar a instalação dos campistas, para nos assegurarmos de que não há utilização abusiva”. Os que este ano insistirem em utilizar mais que dois equipamentos “no próximo ano não obterão autorização da parte da Confraria para acampar”.

Foto: Marisa Martins (Facebook)

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