Beatriz Gomes, defensora da tradição tauromáquica, emitiu uma emocionante missiva contra os críticos que se posicionaram “sem alma” pela morte do forcado do Grupo de Forcados Amadores de São Manços:
“João,
Há dores que não se explicam. Há silêncios que pesam mais que qualquer palavra. Perder um amigo, um colega, um irmão de jaqueta, é uma ferida que não fecha. Mas há coisas que precisam de ser ditas, porque é também nestes momentos que se mostra a grandeza de quem somos.Vocês não são apenas um grupo de forcados, vocês são uma família. E quando um cai, não cai sozinho. Cai o grupo inteiro com ele. Sei que hoje a jaqueta que vestes pesa mais do que nunca. Não é só a responsabilidade de ser cabo”.
E continua: “É a ausência daquele que já não volta à linha da frente, daquele que partilhava contigo o risco, o riso, a fé e a coragem. O amigo que partiu deixou uma marca impossível de apagar. Não deixou só memórias deixou alma, deixou entrega, deixou a coragem de quem pegava por amor, não por vaidade. Essa herança vai contigo e com todos os que vestem a jaqueta de São Manços. João, não carregues sozinho esta dor. O grupo está contigo, os amigos estão contigo e todos os que têm o coração no sítio certo estão contigo. Porque um forcado não morre. Fica eterno em cada pega, em cada chamada, em cada ombro que se encosta no touro com verdade”.
Porque, “a tua missão não terminou. Continua, ainda mais forte, porque agora levas contigo não só a tua alma mas também a do amigo que já não está. Ele não voltará a correr ao teu lado, mas vai correr dentro de ti. E em cada pega que fizeres, em cada abraço de grupo, ele estará presente. Achei por bem escrever estas palavras em meu nome e em nome de todos os que sabem o que é amar esta Festa de verdade. Em nome de todos os que têm o coração no sítio certo. Para que saibas que não estás sozinho.
Força, Cabo. Coragem sempre. A vossa história continua.
Beatriz Gomes”

