A corporação dos Bombeiros Voluntários de Sousel exige a “demissão imediata” do presidente da direcção da associação humanitária e entregou, simbolicamente, os capacetes em protesto, disse o comandante.

“Os capacetes estão simbolicamente entregues, mas, a partir das 19 horas do dia 22, serão definitivamente entregues e deixará de haver a parte do voluntariado”, afirmou à agência Lusa o comandante dos Bombeiros de Sousel, José Fernandes.

A Lusa contactou o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel, Mariano Velez Maluco, que disse estar a tentar encontrar uma solução e remeteu declarações para mais tarde.

Segundo o comandante dos Bombeiros de Sousel, o descontentamento da corporação com a direcção da associação já surgiu há “algum tempo”, mas foi agravado com o início de funções dos novos dirigentes, há cerca de dois meses.

O principal visado das críticas dos bombeiros, adiantou José Fernandes, é “o presidente da direcção” da associação humanitária, devido “ao desrespeito pelo corpo, à prepotência e por querer interferir sempre na parte operacional”.

“Isto tem vindo a agravar-se. Houve algumas decisões contra o pessoal e duas rescisões de contrato, em que grande parte do corpo não percebeu o porquê, [pois] havendo serviço, porque é que houve essas rescisões”, salientou.

Também contactado pela Lusa, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Portalegre, Marçal Lopes, considerou que esta situação em Sousel é “fruto do subfinanciamento e do sufoco financeiro em que as associações humanitárias vivem”.

“As direcções têm problemas de tesouraria e, para que as suas associações sobrevivam, têm de tomar medidas impopulares, como a não renovação de contratos ou a não retribuição de remuneração condigna com a função, e essas medidas criam descontentamento”, notou.

Para o dirigente associativo, os problemas de tesouraria estão relacionados com o “dumping [prática de venda de produtos ou serviços a preços muito abaixo do valor de mercado] praticado nos serviços prestados pelas associações ao Ministério da Saúde”.

“E também na falta de equidade no reconhecimento dos operacionais dos bombeiros das associações humanitárias por comparação com outras forças, agravado pelo subfinanciamento crónico das actividades de proteção e socorro”, acrescentou.

De acordo com o comandante, o presidente dos bombeiros de Sousel também tomava determinadas decisões nas reuniões de direcção e quando se dirigia à corporação “dizia precisamente o contrário” e colocava “todos uns contra os outros”.

“O vice-presidente e o segundo secretário já pediram a demissão e há outro dirigente que não sabemos se pediu ou não, mas, pelo menos, quatro elementos da direcção, incluindo o presidente, decidiram ficar”, referiu.

José Fernandes frisou que, se a direcção da associação não se demitir até às 19 horas do dia 22 deste mês, os bombeiros vão entregar, definitivamente, os capacetes e, a partir daí, deixam de fazer voluntariado na corporação.

“Ninguém vai fazer serviço de voluntário e mesmo os bombeiros permanentes”, ou seja, os assalariados, “fazem o seu horário de trabalho e assim que passam à parte de voluntário param”, sublinhou.

A corporação dos Bombeiros de Sousel é constituída por cerca de 50 bombeiros, dos quais 17 são do quadro.

SM // MLS
Lusa

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