As regiões da Extremadura, em Espanha, e do Alentejo, em Portugal, puderam observar domingo à noite, 21 de Janeiro, uma bola de fogo que cruzou o céu da região durante alguns segundos.

Segundo a Red de Investigación de Bólidos y Meteoritos tratou-se de um meteorito procedente da estrela na direção da constelação de Ursa Maior. Foi avistada em localidades como Badajoz, Estepa, Sevilha ou Huelva.

A bola de fogo foi avistada pelas 19h03m11s (hora portuguesa). A zona de Elvas foi a que teve melhores condições para observar o fenómeno.

O que passou pelos céus foi um pequeno meteorito a uma velocidade de dezenas de milhares de quilómetros por hora, com o brilho a dever-se à forte fricção deste corpo celeste com a atmosfera do nosso planeta.

Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, refere que todos os dias caem cerca de duas toneladas de resquícios de pedaços de asteróides ou de poeira, mas geralmente são “muito pequeninos”. Pedaços de asteróides, como estes que foram avistados, não são assim tão comuns, refere o investigador. A bola de fogo que atravessou Portugal e Espanha alcançou uma velocidade  de 89 mil km/hora.

Em declarações ao Notícias ao Minuto, O investigador, que categoriza o fenómeno como “assustador”, admite que não teve a sorte de testemunhar o evento, mas avança com algumas explicações que ajudam a perceber melhor o que aconteceu.

“Por dia entram na atmosfera terrestre, em geral, duas toneladas de poeiras e pequenos asteroides. O que é especial aqui é a dimensão do pedaço que entrou na atmosfera nesse dia. Devido ao atrito da altíssima velocidade com que estes corpos celestes entram através da atmosfera, atingem temperaturas muito altas e inflamam”, explica Pedro Machado. “Quando se trata de um corpo pequenino – como poeiras – chamamos de estrelas cadentes, como são popularmente designadas. Neste caso é também uma estrela cadente, mas também chamamos de meteoro quando está a interagir com a atmosfera, e nos casos em que chega ao solo passa a ser designado como um meteorito. Apesar da sua grande dimensão, nesta situação não chegou ao solo. Quando é bastante grande e que podemos ver até um rastro de chamas, como foi o caso, chamamos de bólide”.

Sabemos então que o corpo celeste deste domingo tinha grandes dimensões e que se desintegrou de tal forma que não conseguiu chegar ao solo para se designar como um meteorito. Pedro Machado reconhece que se trata de um “paradoxo”, mas explica que há um motivo para tal e que está relacionado com a “natureza” do material que entrou na atmosfera.

“Neste caso, não é um pedaço de um asteroide – rochoso como em geral são os asteroides – mas sim um resto de um dos cometas desintegrados que polvilham algumas das zonas do Sistema Solar por onde passa a órbita da Terra”, nota o investigador, sublinhando que estes pedaços de cometas são normalmente compostos sobretudo por gelo e poeiras.

Assim sendo, será que é possível apontar a origem do meteoro que foi possível observar no leste alentejano?  “Não sei qual foi. Sei que, no que diz respeito a grandes chuvas de estrelas – como as Leónidas que acontecem por volta do meio de dezembro, as Perseidas de agosto ou as Quadrântidas de janeiro – é fácil identificar os cometas responsáveis. Mas neste não sei qual foi”, conta Pedro Machado. “Estes corpos celestes são normalmente muito escuros, portanto são muito difíceis de identificar mesmo por grandes telescópios”.

Há também a ter em conta a coloração do corpo celeste que se viu a entrar na atmosfera, com alguns internautas a acreditarem que o meteoro era composto por magnésio devido à tonalidade esverdeada. Já Pedro Machado, não está certo de que se possa assumir este tipo de pormenores e “não concorda com esta interpretação direta”.

“Há uma correlação entre a coloração e a composição química do corpo que está em contacto com a atmosfera. Claro que há. Mas dizer que é de magnésio logo à partida… é preciso estudar com maior detalhe e quando temos a sorte de o fazer”, faz sobressair. ”Mas arriscaria, com um nível de certeza já bastante elevado, é que à partida são gelos de água impregnados de poeiras. Isso sim, diria que a probabilidade desta afirmação estar correta é acima de 90%”

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