A Universidade de Évora (UÉ) mantém em funções o professor do Departamento de Música que foi alvo de denúncias de assédio no meio artístico, após alunos terem avaliado o comportamento do docente como “bastante positivo”, revelou hoje a academia.
Numa resposta à agência Lusa através de correio eletrónico, a UÉ indicou que, após ter conhecimento do caso que envolve o professor César Cardoso, “promoveu reuniões com os estudantes” sobre o docente e o retorno “foi bastante positivo”.
“A Universidade de Évora não recebeu denúncias sobre o docente em causa”, sublinhou.
César Cardoso, docente convidado da UÉ, tem um contrato anual com a academia alentejana que termina em julho de 2025, precisou a instituição, salientando que “só no final do contrato é que a questão da renovação será colocada”.
A UÉ lembrou ainda que possui um canal de denúncias, um encarregado para as receber e um código de conduta.
Em novembro, a Associação de Jazz de Leiria (AJL) decidiu igualmente manter César Cardoso em funções como seu presidente, depois de este ter colocado o lugar à disposição, na sequência de o seu nome ter sido associado a notícias de “denúncias de assédio verbal, alegadamente ocorridas em 2022, na Escola Luiz Vilas Boas (Hot Clube de Portugal)”, que levaram ao seu afastamento desta instituição.
A AJL, que gere a Escola de Jazz de Leiria e a Orquestra Jazz de Leiria, ambas também lideradas por César Cardoso, disse ainda que “nunca o presidente da associação (ou qualquer outro docente) foi alvo de qualquer queixa por parte de docentes ou alunas da Escola de Jazz de Leiria”.
A direção da AJL condenou “veementemente os alegados comportamentos denunciados na comunicação social”, considerando ser “nos tribunais que tais atos devem ser julgados”.
Em meados de novembro passado, começaram a surgir, através da partilha de testemunhos nas redes sociais, denúncias de casos de violação, abuso sexual e assédio no meio artístico, nomeadamente na área da música, em particular no jazz. No final do mês, as denúncias recebidas pela DJ Liliana Cunha e a artista Maria Balduz, eram já 150, relativas a mais de 40 pessoas de várias áreas do meio artístico, do ensino (público e privado), à literatura, teatro, cinema ou televisão.
A DJ, juntamente com a artista Maia Balduz, tem estado a reunir, verificar e filtrar denúncias e testemunhos que ambas têm recebido através das redes sociais e de um ‘email’ ([email protected]) que entretanto criaram.
Na sequência das denúncias, a Plateia – Associação de Profissionais das Artes Cénicas, que já alertara para a situação, apresentou, no passado dia 29, uma série de “reivindicações urgentes”, nomeadamente a criação de códigos de conduta “em todas as instituições de ensino artístico, elaboradas e aprovadas com o contributo de estudantes”.
A Plateia pediu ainda plataformas de denúncia “independentes das direções executivas e pedagógicas das escolas”, protocolos de ação sobre situações de assédio “em todas as instituições de ensino artístico e no meio profissional” e proteção de quem vai a audições ou a entrevistas de emprego.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) também apelou a que as denúncias fossem levadas a sério e que não desaparecessem “na espuma dos dias” e o Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, Audiovisual e Músicos (Cena-STE) pediu uma Autoridade para as Condições do Trabalho “muito mais capaz e muito mais forte”.
A Associação Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento (MUTIM) e a Associação para as Artes Performativas em Portugal (Performart) também pediam canais oficiais, apropriados e eficazes para denúncias de abusos e assédio no setor.

SM (MLE/JRS/SS) // MAG
Lusa/Fim

Carregar mais artigos relacionados
Carregar mais artigos por Redacção
Carregar mais artigos em Actual

Veja também

Homem morre na colisão na EN2

Um homem, de 76 anos, morreu hoje na sequência da colisão entre dois automóveis ocorrida n…