O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, visitou o Hospital de Santa Luzia, em Elvas, na manhã de quinta-feira, dia 19 de Dezembro, tendo, na ocasião, apontado alguns aspectos que considera serem “pontos vermelhos” no funcionamento da unidade de saúde elvense.

Uma dessas situações, que vai reportar ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alto Alentejo (ULSAALE), prende-se com a “criação de uma Unidade de Cuidados Intermédios”.

“É inaceitável e inadmissível que nós estejamos em 2024 e que o Hospital de Elvas não tenha esta valência de apoio a todo o hospital. Um doente que necessite de cuidados mais diferenciados não tem de se deslocar para outro hospital. Estes doentes já cá estão e, por isso, têm de ter os meios adequados em termos de médicos, e eles existem, têm de ter os meios adequados em termos de enfermagem e assistentes operacionais, o espaço já existe, os equipamentos, por aquilo que me estiveram a contar, desde 2012 que tudo está pronto, não está é formalmente e oficialmente nada constituído para a unidade poder avançar”, lamentou, frisando que “é um ponto vermelho que tem de ser rapidamente resolvido”.

Carlos Cortes referiu também que, do ponto de vista da Ordem dos Médicos, o “sistema de urgência” está “muito antiquado” e “enraizado em conceitos muito antigos”, sendo que, no caso do Hospital de Santa Luzia, “não temos nem carne nem peixe”.

“Não temos uma urgência básica, mas também não é uma urgência médico-cirúrgica. Isto, para nós, não faz sentido absolutamente nenhum. Tendo em conta, em primeiro lugar, as populações que nós temos à volta e tendo em conta a localização deste hospital, que está longe de todos os outros hospitais, nós não podemos ter aqui somente uma urgência básica”, afirmou.

A solução, segundo o responsável, passaria por uma “reclassificação” da unidade de saúde, “mas tendo em conta a especificidade deste hospital”. “Nós não podemos estar a categorizar num modelo muito antigo, mas sim adaptarmos os recursos humanos, as infraestruturas e a capacidade de diferenciação técnica desta urgência à capacidade do hospital, às necessidades das populações e aos recursos que este hospital também tem”, explicou.

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu ainda que seria “muito importante” dar “mais capacidade a este hospital para poder formar mais médicos”.

“Um hospital sem formação médica, um serviço sem formação médica, é um serviço que, infelizmente, morre. O que nós queremos é que estes serviços tenham capacidade para formar médicos especialistas para se poderem continuar a desenvolver e para poderem atrair esses médicos em formação”, disse ao “Linhas de Elvas”.

Para a Ordem dos Médicos, o “desenvolvimento” do Hospital de Santa Luzia é “imprescindível para poder dar uma resposta à população”.

“Este hospital precisa de se desenvolver e não podemos travar este desenvolvimento. Tem de ser, obviamente, sustentável, tem de haver aqui capacidade de atracção e tem de se tentar perceber, em termos de complementaridade, o que é que este hospital pode oferecer. Tem de haver aqui projectos diferenciadores, projectos também de alta diferenciação em determinadas patologias, para poder atrair esses recursos humanos”, vincou o bastonário.

Depois de ter estado na unidade de saúde elvense, onde também reuniu com médicos, Carlos Cortes fez o mesmo no Hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre.

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