As insolvências vão aumentar 19% em Portugal e 26% a nível mundial, em 2021, apesar da “profunda recessão” provocada pela pandemia, depois de terem diminuído 5% e 14% em 2020, respetivamente, segundo uma análise da Crédito y Caución hoje divulgada.
A seguradora afirma que “a retirada dos estímulos e a normalização da legislação de insolvências vão provocar uma deterioração significativa das perspetivas de insolvência em Portugal e a nível mundial” e adianta que, “apesar do avanço dos programas de vacinação e da evolução positiva do crescimento, prevê que os níveis de insolvência em quase todos os países analisados – exceto na Alemanha, Grécia, Nova Zelândia e Roménia – sejam mais elevados no final de 2021 do que antes do surto da pandemia.
As previsões da Crédito e Caución – que se baseiam, principalmente, nas expectativas de eliminação gradual das medidas locais de apoio fiscal e na reabertura dos tribunais e reativação dos procedimentos de insolvência – apontam para um aumento nas principais regiões e países, exceto na Turquia, onde as insolvências já cresceram em 2020, adiantando que os maiores aumentos são esperados na Austrália, França e Singapura.
A seguradora sublinha que Espanha e Holanda encontram-se entre os países para os quais se antecipa um maior aumento das insolvências, tomando em conjunto as previsões de 2020 e 2021, devido a uma reação relativamente forte às flutuações do Produto Interno Bruto (PIB) tradicionalmente observadas nestes países.
Assim, refere a seguradora, muitas empresas que no ano passado foram resgatadas pelas medidas de apoio, em 2021 provavelmente vão declarar falência e os países que este ano vão apresentar o maior aumento percentual das insolvências serão, com toda a probabilidade, aqueles cujos valores foram inusitadamente baixos em 2020.
“É esperado que três vetores moldem o desenvolvimento das insolvências mundiais em 2021: a intensidade e amplitude do crescimento económico deste ano, a eliminação gradual dos estímulos governamentais e de outros planos de apoio e as alterações temporárias na legislação sobre falências, que reduziram ou simplesmente atrasaram as apresentações à insolvência. O seu impacto combinado influenciará, em grande medida, os números reais das insolvências e o risco de crédito comercial em 2021 e 2022”, explica Theo Smid, economista sénior da Atradius.
Em relação ao ano passado, quando não se produziu o previsível aumento das insolvências globais, a seguradora afirma que a nível mundial, o número de falências empresariais teve uma redução de 14%, com diminuições significativas em algumas das maiores economias europeias como Espanha (-14%), Alemanha (-17%), França (-40%) ou Reino Unido (-27%).
A Turquia e a Irlanda foram os únicos países de proximidade nos quais as insolvências aumentaram em 2020 porque na Turquia, as empresas enfrentaram condições de financiamento mais rigorosas e um apoio governamental limitado e na Irlanda o aumento foi de apenas 1%.
A Crédito y Caución afirma ainda que dois fatores podem explicar a surpreendente tendência de diminuição das insolvências, designadamente o facto de muitos países terem introduzido alterações na legislação para proteger as empresas da insolvência e o facto de os governos de todo o mundo terem adotado medidas de estímulo orçamental para diminuir os efeitos económicos adversos da pandemia e apoiar, em particular, as pequenas empresas.

MC // EA
Lusa

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